Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Natividade 1 (O Kitsch)



As mais belas mentiras habitam aqui.
Nessa selva armada de concreto e cal.

Jogos de artifício.
Luzes de ilusão.
Magos mercadores,
Presti/digitação.

Verdes ruas doiradas,
feérica vermelhidão!

Nevascas fabricadas
com papel crepom,
Estrelas cintilantes
de processador,
e o excessivo choque
de imagem e de som.

As mais belas mentiras habitam aqui,
Nessa selva armada de concreto e cal.


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6 comentários:

Pernambucanos Arretados disse...

O Natal dele não vai ser muito feliz.

Márcio Ahimsa disse...

Como diz o próprio poeta: "o poeta é um fingidor"

...é como se fosse uma teoria literária baseada na poética da "Arte poética" do filósofo Ari,
Ari? Isso, nosso Ari, aquele do Pari, que fica descobrindo as coisas no oráculo e que gira, gira, nasceu em Estagira... Eita, mas isso é coisa de mitologia, magia que manga da gente noite e dia? É bem isso, o poeta é isso, é mito, e magia, é noite e é dia e... ops, deixa pra lá.


Ei, amigo Eu-lírico, quase híbrido de verdade, quase verde de: essa coisa do poeta pessoal, putz, desculpe a forma, como dizem (ouvi numa aprensentação de uma peça de teatro sobre a linguagem de alguns personagens) chucra, mas é que foi preciso, pois eu, amigo, prescindo de ler poetas assim, eu preciso, é a bonita, como diz Gonzaginha: é a bonita, é a bonita...

Ótimo natal num átimo de felicidade.

Abraços.

Unknown disse...

oi eurico,

venho de te desejar boas festas e um 2009 cheio de bençãos em sua vida. Beijos.

Márcio Ahimsa disse...

retificando: não prescindo amigo, não prescindo, desculpe a falta do advébio de negação.

Abraços.

Jacinta Dantas disse...

Começar e encerrar com "As mais belas mentiras habitam aqui,
Nessa selva armada de concreto e cal", arrepia até o coração. Forte demais esse seu olhar - enxergando a realidade dura e crua - para além da maquiagem e da fantasia estabelecidas.
Forte!

Zeca disse...

Eurico,

porrada na boca do estômago
é o que sentimos
quando lemos/ouvimos/vemos
a realidade nua e cria
da selva armada de concreto e cal
com suas lindas mentiras...

Abraços.