Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

terça-feira, janeiro 26, 2010

Uma foto das 'antrolas'


Essa é pra participar com o Elcio, do Verseiro, o mais frondoso pé de versos da blogoesfera, em data comemorativa de seu niver de 2 anos, para o qual ele muito gentilmente me convidou. Coincidentemente, hoje, dona Netinha, minha mãe, completa 77 aninhos, com todo vigor, apesar de um femur recentemente fraturado. rs Parabéns aos dois. Ao pé de versos florido e à frondosa velhinha que me pariu para a poesia, parabéns!
Bem, a dificuldade foi grande, posto que na minha época não se dispunham de máquinas de tirar retratos em profusão, como hoje... rsrsrs E crianças, raramente, apareciam
nas fotos. Fotos eram sempre do casal, dos mais velhos. Era muito caro fazer retratos.
Mas o meu padrinho, um preto enorme, formado em Economia pela UFPE, Umbandista-praticante-e-estudioso e Contador-mor do Governo do Estado, tinha 'gaita' pra esses luxos. E, numa das idas à praia do Janga, em ônibus fretado pelo saudoso 'dindinho' para a família dele, que ia fazer seus rituais à Mãe dos Mares, nesse dias nos fez essa interessante 'fotinha'. Nela estamos eu, em pose de artista, minha irmã mais nova, Edna, minha prima Miriam, sua irmã Marthinha, hoje diretora da Fundarpe, no Governo de Eduardo Campos, família em quem votamos desde o avô Miguel Arraes, e minha irmã Eliane, hoje morando em cafezal de São João do Manhuaçu, MG.
Não tenho uma história engraçada da foto, mas reclamo do fato de que íamos para a essa celebração sem sermos esclarecidos sobre o que ali acontecia. E eu, curioso que só, como até hoje, sobre mitologias, perdi a chance de saber que vivia, in loco, uma celebração de ritual africano, que hoje, no mínimo, me aguça a vontade de entender aquela festa da 'panela ao mar'. Por que os adultos não nos explicavam sobre essas coisas? Lembro que escrevi um conto sobre essa tal religião, aliás, sobre religiões, chamado Um Estranho Ofício.
Ah, meu apelido era "Lula Cabeção" ou "Tão Pequenininho da Cabeça Grande" (onomatopéia dos taróis das bandas marciais), em homenagem ao tamanho avantajado de meu crânio, que depois saberíamos ser totalmente ôco e dado a devaneios mitopoéticos. kkkkkkkkk

Abraço fraterno em todos.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

O Relógio e a Bússola (uma cantiga pra Kelly)





















Redescobri o Oriente de manhã,
Quando o sol invadiu minha casa de repente
Eu, que nem atentava de que lado, exatamente, nasce o sol,
Agora sei, aqui, convalescente,
Que um raio solar cruza-me a alma, obliquamente,
Desde as primeiras horas da manhã até ficar poente;
E que minha a cama posta-se sob ele, diagonalmente.
Espaço e tempo brilham em mim, isso é o Oriente...
Irmãos, amigos, não é deveras surpreendente
Que deambulando em tal deserto, tanta gente,
como eu, não atente
pro fato que não sabe mais, ao certo, para que lado fica o Oriente?

Agora sei, graças ao Sol,
Que o Oriente fica exatamente
No recanto do quarto, e rente
Ao ponto em que minha Mulher, tão ternamente,
Ajuda-me a calçar os meus chinelos
(logo os meus, que nunca me dignei a amarrar suas sandálias, ó xente!)
E veste-me um moleton, tão distraidamente.
Minha Mulher de cócoras, sorridente,
raio de sol que resplandece à minha frente,
cuidando do meu ser convalescente,
Ali, ó meus irmãos e amigos,
Ali é o Oriente!

E enquanto ela me pensa curativos, delicadamente
O Sol acende os seus cabelos, suavemente,
E vai iluminando as minhas células dolentes.
Eis o relógio e a bússola, nesse olhar iridescente...
Eis, ó minha alma, o Oriente!


Fonte da imagem:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ae/Saint-remy-de-provence-cadran-solaire.jpg

quinta-feira, janeiro 14, 2010

O Amor e a Mídia







O amor não tem fronteiras
Não tem pátrias
nem religiões.
O amor não tem espaço, nem tempo
O amor nunca cessará


O amor trabalha em silêncio
e se doa em qualquer parte do mundo
por todo o universo

Os servidores do amor não usam adornos exteriores,
nem títulos sacerdotais, ou academicos,
"apenas as duas mãos e o sentimento do mundo"
E nós só lembramos que eles estão entre nós
quando surge de repente a notícia de seu trabalho anônimo

um dia a mídia vai passar 24 horas a falar dos homens e mulheres
de boa vontade, enquanto vivos
e isso há de dar a maior audiência

Um dia o amor vai ser notícia cotidiana...


Por enquanto,
só saberemos das ações
dos grandes benfeitores da humanidade sofrida,
quando morrem subitamente...


(dedicado a Zilda Arns, Madre Tereza, Irmã Dulce, Dorothy Stang, Chico Xavier e tantos outros)



Fonte da img.:
http://www.jptl.com.br/?pag=ver_noticia&id=18267