"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]
"(...) É porque a criança abriga os elementos mais importantes. Ela é feliz, porque esquece, não guarda ressentimentos para com a vida. Vive o presente, porque nele estão concentradas suas energias criativas, não tem desprezo para com a vida, brinca, dança, constrói e destrói com perfeição e não vê mal nenhum nisto. A criança afirma a vida. É curiosa, alegre e vivaz. “ O riso, o jogo, a dança são os poderes afirmativos de transmutação: a dança transmuta o pesado em leve, o riso transmuda o sofrimento em alegria; o jogo do lançamento (de dados) transmuda o baixo em alto, mas referido a Dionísio, a dança, o riso, o jogo são poderes afirmativos de reflexão e de desenvolvimento. A dança afirma o devir e o ser do devir; o riso, as gargalhadas afirmam o múltiplo e o um do múltiplo; o jogo afirma o acaso e a necessidade do acaso (...)” Deleuze – NIETZSCHE E A FILOSOFIA
No dia 09 de fevereiro de 2007, o Recife celebrava os 100 anos do Frevo,
desde então tombado como patrimônio imaterial do Brasil.
Não é por acaso que aqui se diz "vamos brincar" o carnaval:
Aqui, trecho do DVD NOVE DE FEVEREIRO,
do multiartista Antonio Nóbrega,
em que se celebra esse ritmo, essa dança, esse brincante.
Em tempo.
Leiam o que, do frevo e do passo, dizia o musicólogo e poeta, Mário de Andrade:
"Mas será possível que uma coreografia, assim, ainda se conserve ignorada dos nossos teatros e bailarinos? Que beleza! Que leveza admirável! É uma fonte riquíssima. É um verdadeiro título de glória, que o país ignora, simplesmente porque entre nós ainda são muito raros os que têm verdadeira convicção de cultura”.(MÁRIO DE ANDRADE)
“A vibração paroxística do frevo é realmente uma coisa assombrosa. É, enfim, um verdadeiro allegro num presto nacional. É, sem dúvida, o entusiasmo, a ardência orgíaca, mais dionisíaca de nossa música nacional. E aquele rapaz que dançou! Mas será possível que uma coreografia, assim, ainda se conserve ignorada dos nossos teatros e bailarinos? Que beleza! Que leveza admirável! É uma fonte riquíssima. É um verdadeiro título de glória, que o país ignora, simplesmente porque entre nós ainda são muito raros os que têm verdadeira convicção de cultura”. (MÁRIO DE ANDRADE)
Taí, Mário, o FREVO que tu que tu querias:
Performance realizada durante Congresso Internacional de Dança Brasileira - Rio - 2006
por Uyra Mangueira
Professor e Passista de Frevo
Brasilia-Brasil
Frevo: Canjiquinha
Composição de Lourival de Oliveira,
Arranjo e interpretação de Antônio Nóbrega (em seu CD Lunário Perpétuo)
Maestro Duda ou Mestre Duda, o José Ursicino da Silva, nasceu em Goiana, interior de Pernambuco, em 23 de dezembro de 1935. Aos oito anos começou a estudar música, aos dez já era integrante da Banda Saboeira e logo escreveria sua primeira composição, o frevo Furacão. Dali podia-se prever que se tornaria Duda um dos maiores regentes, compositores, arranjadores e instrumentistas de todos os tempos e do frevo em especial. Gênio da composição e arranjo, como ampla formação chegou a tocar Oboé na Orquestra de Recife, mas seu múltiplo talento o levou a experimentar de tudo. Formou várias bandas de frevo que invariavelmente eram eleitas nos carnavais como as melhores do ano.
A carreira é repleta de sucessos e de grandes parcerias: Para o teatro músicou, "Um Americano no Recife" como direção de Graça Melo e outras peças dirigidas por Lúcio Mauro e Wilson Valença. Foi chefe do departamento de música da TV Jornal do Commercio e depois contratado da TV Bandeirantes em São Paulo. Compositor de choros gravados por Severino Araújo e Oscar Miliani, sambas gravados por Jamelão, músicas para Quinteto de Sopros e Quinteto de Metais, banda e orquestra, recebeu o prêmio de melhor arranjo de música popular brasileira em 1980, em concurso promovido pela Globo, Shell e Associação Brasileira de Produtores de Discos.
Para arremate da postagem:
"Duda no Frevo" (frevo de rua)
Turibio Santos (sotaque carioca/maranhense)
Armandinho (sotaque baiano)
Orquestra de Duda (o sotaque original)
Nota do blogueiro:
O nosso Duda é considerado um dos 10 melhores arranjadores do mundo.