Uma Epígrafe
"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]
quarta-feira, dezembro 30, 2009
sábado, dezembro 05, 2009
ALLANA (uma criança índigo)
A criança vê fundo e antes,
um mundo feito em relações desconcertantes.
Faz a eternidade,
agarra o instante,
consegue ver até, olhos ausentes,
o modo sutil,
em que do sono da brasa, latente,
brota o mel...
A criança é mãe do sonho,
sabe os secretos sentidos,
tem a ciência da fauna
e a presciência da flora.
Conhece o segredo antigo
que da pequena semente
faz surgir o baobá.
Os gregos chamavam physis
e os romanos, natura;
e a criança, sem dar nomes,
brinca com as coisas futuras;
desmonta o reino dos homens,
governa o reino do céu,
paira com D'us sobre as águas,
toma banho de chapéu.
A criança doma o medo,
rasga o finíssimo véu
sobre o sentido da Vida:
Só ela sabe o segredo,
o indizível segredo,
com que a brasa gera o mel.
***
Brinca com o amigo invisível
e me faz brincar também
Vejo em sua aura azulada
a esperança que me vem
num mundo novo futuro
de harmonia, paz e bem...
**********************
Em tempo:
a foto de Allana foi feita pela Paula Barros, ano passado, enquanto assistíamos ao Baile do Menino Deus, auto natalino que é apresentado no Recife Antigo. Allana olha fixamente para o palco, onde dança o Zabelê, linda criatura imaginária, que vem visitar o recém-nascido.
Assinar:
Postagens (Atom)