Minh'alma
uma velha casa de taipa encardida
num perdido rincão
esses sertões...
a minha alma deserta e milenária.
Paredes rubras, a minh’alma,
barro curtindo ao sol
e uns oleiros ébrios à sombra do poente...
Ó minha alma, soçobro!
O balido dos rebanhos de cabras nos terreiros
e eu, ainda sóbrio.
A minh’alma sedenta, sem Deus.
E te ausculto, minh'alma
E te oiço, minh'alma
de alhures, te miro
na pátina de nossas construções exteriores...
os dedos demiurgos na lama avermelhada
essa argila descorada,
a minh’alma de taipa
Um oleiro ébrio brinda ainda,
nos debruns da tarde,
a casa erguida com as próprias mãos:
A Deus!
Há Deus?
Minh'alma esboroa-se...
Frágil e deserta.
Adeus.
Fonte da imagem:
http://fatosefotosdacaatinga.blogspot.com/2010/08/seca-e-os-animais-na-caatinga_08.html
7 comentários:
Ai,
chorei viu!
Me fez lembrar de uns "trem" tão antigo.
Bjs meu querido.
Eurico,
mas que coisa mais bonita!!
Criar e recriar - brindo à saúde da arte, das tuas lindas esculturas - poesias!
ainda piso o chão e escavo as paredes da lembrança, tinha tanto de tão pouco mas a casa era um sentir só,
abraço
não será Deus o oleiro? Este que molda à sua vontade nossas manhãs e que na alma esboça a solidão das tardes?
é, viajei! mas vc sabe que seus poemas fazem isso, né? me deixam mais leiga, quase uma estranha no ninho! rs...
beijocas
Em cada prosa contigo, dá pra perceber nitidamente o GRANDE POETA que és.
Aqui, sob o ângulo do brasileiro Eurico, encontro boa parte da letra e a beleza do sopro do oboé da Cantiga Brava.
O que sou nunca escondi,
Vantagem nunca contei,
Muita luta já perdi,
Muita esperança gastei.
Até medo já senti,
E não foi pouquinho não.
Mas, fugir, nunca fugi,
Nunca abandonei meu chão.
Eu te agradeço muuuuuito pela qualidade e teus cuidados com a arte brasileira.
Euzinha, deixa disso,
que viajou que nada.
Ele está no poema inteiro.
Minh'alma esboroa-se diante Dele, do E/terno, posto que sou pó rsrsrs
Abç
Rejane,
a cada dia percebo quão grande é o coração de minhas amigas e amigos blogueiros. O teu é generoso demais e é só por isso que me vês tão grande. Sou um poetinha de 1,69m e nada mais.
Mas tenho algo infinito em mim: a gratidão.
Abç fra/terno, amiga.
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