Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

domingo, março 06, 2011

O incêndio na sede do Pirilampos de Tejipió

Imagem PE360graus - 10/08/2010




Os bombeiros combateram um incêndio no bairro da Boa Vista, área central do Recife, na madrugada desta terça-feira (10). O fogo atingiu a garagem de uma casa, que fica na rua Padre João Ribeiro. Fantasias e adereços do bloco Pirilampos de Tejipió foram destruídos.

O presidente do bloco, José Dias dos Santos, mora no primeiro andar da casa, que não foi atingido pelo incêndio. Em poucos minutos, o fogo destruiu o carro da família e tudo o que estava na garagem, inclusive as fantasias e os adereços do bloco.
Fonte da notícia:
http://pe360graus.globo.com/noticias/cidades/acidente/2010/08/10/NWS,518515,4,94,NOTICIAS,766-INCENDIO-DESTROI-FANTASIAS-ADERECOS-BLOCO-PIRILAMPOS-TEJIPIO.aspx



No carnaval do ano passado, eu vi Pirilampos de Tejipió. Fiquei muito desolado com aquela cena tão triste. Aquele bloco afamado, evocado por Edgard Morais, em seu frevo "Valores do Passado", passou sem brilho pela Praça da Várzea. Nós, do bloco Flores do Capibaribe, que estávamos ali só pra vê-lo passar, quase entramos na passarela para ajudar os Pirilampos. Foi uma consternação geral.  Era o Pirilampos resistindo ao incêndio em sua sede, e vindo às ruas do jeito que deu. Valeu pela resistência!


Pra quem não sabe, Pirilampos foi criado pelo mesmo organizador do Apois Fum, o jornalista, Guilherme de Araújo. E, dos dois blocos antigos, por ele criados, Pirilampos é o único que resiste até hoje. Sua sede já não é no distante subúrbio de Tejipió, mas no centro da cidade, no Bairro da Boa-Vista, onde se deu o incêndio, ano passado.
É preciso que se faça um movimento político-cultural para cuidar dos blocos centenários dessa cidade. Batutas de São José enfrenta uma difícil crise, com questões trabalhistas de gestões passadas atravancando sua vida. Inocentes e Madeira, ambos do Rosarinho, ninguém mais viu?
Por isso, a comunidadade dos amantes dos blocos líricos precisa fazer pressão junto aos órgãos públicos da cultura. Providências urgentes devem ser tomadas, em prol da preservação dessas agremiações, que fazem o que há de mais poético (e pacífico) no carnaval em Pernambuco.


O Governo do Estado tem ajudado os times de futebol, com o Programa Todos com a Nota. Por que uma fatia dessa verba não é destinada ao carnaval das pequenas troças, maracatus, bois-bumbás, laursas e blocos líricos, principalmente aos mais antigos e tradicionais, que sobrevivem da ajuda de uns poucos abnegados?


Deixo o meu apelo por essas humildes agremiações populares, que fazem o verdadeiro carnaval de rua de Pernambuco. São elas que trazem a diversidade de ritmos e de cores, de cultura, que fizeram a Prefeitura do Recife, em lance de marketing, denominar o nosso carnaval de multicultural. Multiculturais sempre foram todas as manifestações da gente pernambucana. Da música aos folguedos. Da fé ao carnaval. 
Sem essa diversidade de grupos populares morreriam os brincantes, morreriam as tradições e nos restariam apenas o ribombar dos trios elétricos, que hoje invadem a cidade, com música ruim e sem as autênticas raízes pernambucanas.
Salvemos os genuínos blocos líricos e as nossas troças e clubes de carnaval, expressões ancestrais de nossa cultura e de nossa identidade!



Fonte da postagem:
Cultura Solidária

Um comentário:

Jens disse...

Tens o meu apoio distante, camarada Eurico. Manter viva e cultura popular é fundamental - é o passado que define quem somos. Cultura carnavalesca não é (só) peito.

Um abraço.