Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

quarta-feira, março 09, 2011

MOMO, NOEL, SACIS E CRIANÇAS...




Partindo da falsa premissa de que Momo, um deus pagão, é quem arrasta as multidões no carnaval, muitos religiosos declaram o apocalipse, o armagedom e outras escatológicas hecatombes universais, como punição aos festejos que hoje findam. (Findam mesmo?)


Para os que brincam, como eu, de forma lúdica, pueril, sem dor de consciência, sem maldade ou violência; para os que levam suas crianças, cheias de encantadora alegria, para os pólos infantis; para os foliões de alma pura e serena, eu lhes confirmo o óbvio: Momo é pura fantasia.


Brinquei e creio ser essa a mais saudável forma de viver essa festa: brincar. Tenho pena dos superegões empedernidos, que ficam a tentar nos tolher, nos castrar, acenando com a ira divina. São eles os mesmos que endeusam o Papai Noel em plena festa dedicada ao Menino Jesus. E eu vos digo que Momo nem chega perto do Santa Claus, em matéria de ibope. Noel sim, é uma doideira. Uma carnavalização da festa cristã, baseada numa lenda que rouba toda a atenção que deveria ser do aniversariante.


Essa postagem vai endereçada aos que vivem de mau-humor, aos que não sabem mais brincar como crianças, ou que talvez nunca tenham brincado na vida. Vai mesmo para os muitos desavisados que acreditam que Momo é mesmo um deus e que existe ou existiu. Façam-me o favor. Momo é tão real quanto o Curupira ou o Saci-pererê. E tão inofensivo quanto as fadas e gnomos ou outros da espécie. Zeus, Hércules, Afrodite, e todo o panteão das “divindades” gregas, não passam de produtos da imaginação fértil ou das crendices e superstições daqueles povos.


Se alguns não podem brincar, por determinação médica, religiosa ou de outra natureza qualquer, guardem seus temores em seu próprio coração.


Não por acaso, um filósofo que questionava os pilares de nossa cultura ocidental, fez uma analogia interessante, entre o dever do camelo, o querer do leão e a inocência da criança. Grosso modo, ele anunciava o advento da criança como a condição para a transvaloração dos valores da nossa civilização. Lembra um pouco aquele “quem não se tornar como uma destas crianças não entrará no reino dos céus”, não é mesmo? A criança livre de todas as nossas ridículas crendices e lendas. A criança pura e plena. Sem medo do armagedom e sem pecado original. A criança e só.


Pois bem, brincar, brincar e brincar, com a ingenuidade das crianças. Eis a questão. Pular frevo, dançar samba e maracatu. E sem nenhuma crise de consciência. Afinal, Momo e Papai Noel são primos-irmãos de Hamlet, do Quixote e da Cuca, são filhos da louca da casa, fantasmagorias, criações da imaginação rsrsrs







Fonte da imagem:
http://afraniosoares.blogspot.com/

Fonte do texto:
Cultura Solidária

2 comentários:

Loba disse...

Isso, garoto! "brincar, brincar e brincar, com a ingenuidade das crianças."
Embora a intenção do texto tenha sido criticar aqueles que criticam o carnaval, gosto de ler pensando que escreveu tb pra mim, tá? E me deu uma inveja danada! Bom demais se entregar "sem nenhuma crise de consciência", né?
Beijoconas

lula eurico disse...

Isso, Euza.

Desde que seja como uma criança faz. Sem nossos recalques e distorções scumulados. rsrsrs
Brincar.
Essa é a palavra!

Abraço fra/terno, amiga.