Assentados à mesa
repartem o peixe mitológico
(mil anos os espreitam das escamas carcomidas)
Mil olhos
Mil’entes
Ante a mesa posta, verbofágicos,
os comedores de palavras
― ceiam ázimos
― bebem verbo
― gestam lácteas estrelas.
Vejam-me d’entre eles,
meus múltiplos eus e eu,
afiando essa faca ineffabille,
repartindo, nesse médium volátil,
Esse pães guturais...
Eurico
Pina (Recife-PE)
06/11 /1995
poemeto dedicado ao amigo artista-plástico Eugênio Paxelly
e a todos os amigos do antigo Grupo Arrecifes.
Fonte da imagem:
http://betebrito.com/wp-content/fgallery/figurativo/fossil.jpg
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http://betebrito.com/wp-content/fgallery/figurativo/fossil.jpg
Deguste, ouvindo Reverie, de Claude Debussy
4 comentários:
Que poema fascinante! Uma verbal companhia. Vivemos imersos, e não nos damos conta, nesse processo de transubstanciação pela palavra.
Permita-me trazer aqui um poeminha meu, por natural evocação:
COMUNHÃO
Vinde palavras,
Vinde
Para esta ceia.
Comei deste pão,
Minha razão.
Bebei deste vinho,
Meu inconsciente.
Assim saciadas,
Alguma dentre vós
Ainda
Há de me trair?
Grande abraço.
Te leio, e colho bons espantos, sempre inovas, sempre surpreendes e por isso estou sempre por aqui...
Um beijo grande e desejo de boa semana.
Carmen.
Caro poeta!
Embora não convidada, participo de todas as ceias mitológicas.
Bom mesmo é vê-la descrita nessa beleza lírica!
Beijos
Mirze
Ah...
esta Ceia com Reverie alcança uma particularidade especial,
os preciosos espaços brancos quando a noite dorme para ocultar-se.
Eu leio, ouço, leio, silencio, ouço, leio ...e agradeço.
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