Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

sábado, julho 09, 2011

ALFENINS (doçaria sinestésica)

Imagem: Luísa Carneiro






















Enfileirem-se uns flácidos fonemas,
formando feixes deles,
em fornada fluente
:
Frases em flocos,
fluídas, de rar(o)efeito.

Lufadas de ar/tifícios,
forjados em foles.

Hiatos,
feito fluxos pífaros,
de oxítonos flautins;

Fabriquem-se, assim,
sobre melífluos morfemas,
fonoestéticos enfeites,
[esses]
movediços semantemas
:
Suspiros,
sussurross,
rebuçadosss,
filhoses, algodoados
e ôcas formas afins,
* * * * * * * * * *
que se esfarelem na fala,
ao feitio de alfenins.



Fonte da imagem:
http://i.olhares.com/data/big/137/1370591.jpg

Releia Alfenins,  ao fluxo da Sonata para Flauta, Viola e Harpa (Debussy)

8 comentários:

Unknown disse...

Que aula! Excelente!

Alfinin e algodão doce são a mesma coisa?

Hummmm me deu uma vontade, mas engorda, como tudo que é bom!

Beijos, poeta!

Mirze

lula eurico disse...

Óxente, minina!
Num é aula, é puisia. Coisa de ociosos...hehehe

Alfenim e algodão doce são da doçaria popular brasileira. E os dois se desmancham na Língua, seja culta ou coloquial...
Mas engordam, visse?

C@uros@ disse...

Belo poema e maravilhosa imagem meu caro Eurico. Seu texto tem energia e textura de vida...parabéns.

forte abraço do leitor amigo,

c@urosa

Sueli Maia (Mai) disse...

Ah! Eurico, Você acabou comigo.
Teu poema, os alfenins e a poesia musical de Debussy.
Alfenim...de todas as cores, de todas as formas, assim como esta música de Debussy e este poema, são de encher os olhos, desmanchar na boca, adoçar a língua, e embalar a alma desta criança grande.




P.S 1.
Mandei solicitação pra ti no feicibuque, ví?
P.S 2.
Teu blog está simplesmente perfeito, Eurico. Essa trilha de Debussy, pássaros na barra lateral, e a harmonia das cores do novo layout.

Fui ficando, fui ficando...
um cheiro, amigo.

lula eurico disse...

Mai, penso em Nova Friburgo...
Como anda essa gente, amiga?

Outro cheiro.

lula eurico disse...

Mirze,
não creia nessas imagens dos posts.
Elas são colocadas mais para confundir do que para esclarecer...hehehe
Os títulos também são truques, que no mais das vezes iludem e despistam o leitor...rsrsrs

Um abraço, amiga.

Unknown disse...

Porque essa fuga desenfreada?

Agora vou ler os pássaros de Capiberibe. Pelo menos por aqui, conheço minha terra nunca vista.


Beijos. Não esqueci do gato e da cristaleira. Até sonhei com um lindo ballet.

Beijos, conterrâneo!

Mirze

Rejane Martins disse...

A harpa, sim!, a harpa em Debussy, com esse teu Alfenins, parecem trazer a delícia das letras.
Esses sentidos e sons de efes e de esses quando teu poema é lido em voz alta, pausadamente, com o fundo da Sonata, ordenam e saborizam as palavras na fala. Ficou muito bom!