De pé sobre as águas
Ergo até a fronte, em brasa,
A Palavra.
Seu hálito me invade
E acende a porta, a estreita porta,
Vazada sobre a noite dos tempos.
Mesmo quando sobrevoa-me em círculos
A ave do ocaso:
Nada dizer.
Nenhum pensar.
Nada ser.
Chorar sobre a cidade agônica
E olhar-me de fora das muralhas.
Tenho um centro ou dilato-me centrífugo?
Todos os ninhos estremecem vazios.
Estou sem mim. Mas há címbalos.
A Palavra.
Seu hálito me invade
E acende a porta, a estreita porta,
Vazada sobre a noite dos tempos.
Mesmo quando sobrevoa-me em círculos
A ave do ocaso:
Nada dizer.
Nenhum pensar.
Nada ser.
Chorar sobre a cidade agônica
E olhar-me de fora das muralhas.
Tenho um centro ou dilato-me centrífugo?
Todos os ninhos estremecem vazios.
Estou sem mim. Mas há címbalos.
Luiz Eurico de Melo Neto
Poema também publicado, anos atrás, em http://www.blocosonline.com.br/
por gentileza da amiga Leila Míccolis - Maricá-RJ
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Ouçam, baixinho e reverentemente, Cálice -Chico e Milton:
9 comentários:
Todos os ninhos estremecem vazios... tateio o tempo, removo momentos e em teu poema me encontro, que lindo voo poético, gracias.
Um beijo, bom domingo e uma ótima semana.
Carmen.
Eurico, fiquei contente por conseguires entrar pela "janela". Doravante, estará sempre aberta, e, para sorte minha, através dela terei também o privilégio de ouvir os címbalos de tua poesia.
Obrigada pela visita e pelas palavras tão acolhedoras!
um grande abraço e uma ótima semana pra ti
AH! EURICO!
Tão lindo que chorei.O poeta não tem um centro, você, é o centro.
Triste como um voo de pássaro com asa quebrada.
Mas lindo. Adoro tudo que me faz chorar.
Beijos, poeta!
Mirze
tem uma canção do quinteto violado que diz "palavra quando acesa não queima em vão",
abraço
Eu, que admiro quem é Poeta e sabe esculpir assim as palavras, venho mais uma vez dizer que elas são lindas. Diante de tudo, há sempre uma esperança, diante do cale-se, há sempre cálices para brindarmos! Um beijo!
A escolha da música foi acertadíssima!
Reminiscente, bonito e denso, Eurico.
Tenho um centro ou dilato-me centrífugo? Demais!
Desfaz-se o eu, faz-se um címbalo, dois, mais, muitos címbalos. Desfaz-se o eu, faz-se o plural, o impessoal, o mais, os outros, eu feito de outros, milhões. Desfaz-se o eu, e fica-se assim sem si-mesmo, sozinho e coletivo, ensimesmado no plural da vida.
Belo poema, Eurico. Preciso vir mais aqui.
Um beijo.
magnífico, eurico!
há de tudo, aqui: palavras em chamas, portas-cenários-vida, voos circulares, lágrimas epifânicas e dúvidas que legitimam o génesis. poesia em levitação maior!
um forte abraço!
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