Dionisos é negro e dança em transe,
Vertiginosa dança com seus mitos.
Escuto o som distante:
Tum dee dee dum!
Maracatumbam tambores:
Tum dee dee dum, dee dee dum!
Vozes líquidas vazam dos casebres
onde se dança à transmutação.
Abro a janela,
instante numinoso,
júbilo de concelebração:
Tum dee dee dum a um Pã universal!
Sem guante a africana gesta e um falo
fecunda intensamente a natureza.
Regaço, cosmos, mãe, força telúrica:
Deus é um útero,
um dentro, um aconchego.
um dentro, um aconchego.
E solto Dionisos dança negro,
abandonado à ondulação da vida,
vertiginosa dança com seus ritos:
Tum dee dee dum
com alegria cósmica,
voz de tambores, noite suburbana.
Sambarrebatamento nos barracos
e percutidos gritos ao Infinito!
***
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Nota do editor: (em meados de 2009)
O motivo dessa reedição do poema Tantãs
é a total falta de espaço na mente para poetar.
Ando com a cabeça, o corpo e os membros
todos dedicados a pensar o projeto do
Lá estou eu a produzir um roteiro para um curta,
uma cartilha com a história do maracatu para as crianças,
um álbum iconográfico/documentado sobre as origens grupo,
uma grife afro para gerar renda extra,
e já planejando o carnaval 2010.
E tudo isso é a primeira vez que faço na vida.
Entenderam porque não tenho postado?
rsrsrs
Eurico
Poema publicado originalmente
no zine Eu-lírico n.º 4, Ano 1995,
em Edição comemorativa dos 300 anos de Zumbi
Fonte da imagem:
http://sol.sapo.pt/Storage/ng1012228.jpg
Resenha do processo criativo deste poema:
UM CRONIST'AMADOR
pelo poeta Carlinhos do Amparo
Em tempo:
e corrigindo um lapso da primeira publicação,
o poema é dedicado ao poeta e político senegalês,
Leopold Sedar Senghor (1906-2001)
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No BG: Afrociberdelia - Côco Dub, Chico Science & Nação Zumbi
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No BG: Afrociberdelia - Côco Dub, Chico Science & Nação Zumbi
7 comentários:
Eurico, grande poeta!
Tenho a maior admiração pela MAMA África. Minha filha, que ensina canto lírico, está envolvida num projeto de estudo do canto de tribos africanas, em especial, os quilombolas.
Concordo que Deus é um útero e que a terra, onde habitamos, tem um útero que alimenta e abriga as raízes e outras coisas, Os tambores são as batidas do coração da terra que os povos antigos, escutavam, colocando o ouvido no chão. Abrace uma árvore e você escutará na entrega da alma, o som do interior da terra.
Uma postagem maravilhosa!
GENIALIDADE, é isso.
Parabéns, poeta!
Beijos
Mirze;
Não posso ligar o som agora, mas depois volto para ouvir.
Senti-me como um nascituro e só após o primeiro ribombar do primeiro tambor, a vida se fizesse em mim!
Poema que remontou-me à ancestralidade, e inaugura um outro começo! Poderoso texto, vizinho!
Amanhã, amanhã estarei na terrinha, se Deus quiser!
Um abração!
;)
Aplausos para o Chico Science e Nação Zumbi!
Lindo demais
Beijos
Mirze
orfeu negro num batuque milenar, o tam tam tam ancestral,
abraço
Tantãs em trilha sonora impecável - celebração e poesia em grande escala.
"Deus é um útero,
um dentro, um aconchego."
...isso fecundou .
obrigada e muuuita luz pra vc neste periodo tão criativo.
beijo
"Deus é um útero,
um dentro, um aconchego."
...isso fecundou .
obrigada e muuuita luz pra vc neste periodo tão criativo.
beijo
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