Rendados - Carla Schwab |
"A Poesia é feita de pequeninos nadas e
(...) cada palavra tem uma função precisa,
de caráter intelectivo ou puramente musical, e não
serve senão a palavra cujos fonemas fazem vibrar
cada parcela da frase por suas ressonâncias anteriores
e posteriores". (MANUEL BANDEIRA).
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Eu traço versos
como quem trança
os nós du'a rede.
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In/vento-os,
Pequenos nodos,
pequenos nadas,
feitos de vozes
com que desfio,
fio após fio,
em des(a)linho, esses retroses
de quase nada.
Não têm motivo,
não têm sentido,
esses liames
esses barbantes de fino linho,
que só têm ritmo,
tecido e rima,
mas não têm nome que os defina.
Enlaço os versos como quem ata
cordéis ao vento. . . como um encanto. . .
(Fecha essa página, se até agora
Não tens motivo nenhum de espanto.)
A cada linha aqui tecida,
de mim se escorre,
e em mim se míngua
a tessitura dos véus da língua...
Pois nesses laços que agora vedes,
há uma parte de mim
que morre
e outra parte que (se) me amarra à (minha) vida.
(Eu faço versos como quem tece u'a estranha rede...)
Fonte da imagem:
http://carlaschwab.blogspot.com/2010/04/rendados-carla-schwab_11.html
Retome a teia, curtindo CLAUDE DEBUSSY - La Fille aux Cheveux de Lin
5 comentários:
a delicada estranheza do Eurico - capaz de encantar com linha ou ponto, tecido em rede
Tão lindo!
Bjs.
Nossa! Que lindo. E nessa trama sempre fica um pouco de nós/nós. beijo
EURICO!
Você é Tudo!
Deixe o nada para mim!
Lindo de morrer, ou viver...
Beijos, poeta!
Mirze
Fazes versos e transformas o nada, tuas palavras são planas, são visíveis, são vivas...
Beijos.
Carmen.
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