O homem é todo ele signo.
(A par disso, recitarás Peirce,
ritualisticamente,
quando adentrares a nave principal.)
Repito: o homem é signo.
Não crês nisso.
E nem és católico.
Significa que não percebes
símbolos nos címbalos.
Nem augúrio algum,
em mochos de campanário.
Nada representa nada sobre os altares.
Ou sob eles.
Nada.
Nem Deus.
Preferes, agnóstico, ouvir Sócrates.
Apesar de que Sócrates
semeava a (dú)vida entre os helenos.
E, em vez de ouvi-lo,
todos preferiam ver discóbolos e tragédias.
Mesmo assim, em Atena havia signo.
Tudo nela é ainda signo.
Vem, agora!
Penetra, mansamente, a nave da Palavra:
+Memória e signo sobejam.
Turíbulos.
Responsórios.
Gazofilácios.
E esse metonímico pão,
Alçado até a fronte.
Memória e signo sobejam.+
E o sentido que há em tudo
Vem litúrgico e ritmado:
Luz e treva.
Treva e luz
Compassadamente,
Cadência lenta,
um côro ecoa pela nave:
Vida e morte.
Morte e vida.
Seguem-se badaladas,
brandas e binárias:
Bem e mal.
Bem e mal.
Bem e mal.
Das abóbadas desce a luz:
Deus é espírito e
o homem, pensamento.
E a prece em Peirce:
Signo.
O homem é signo.
Então, avia-te, ó bardo!
E ergue-te em oferenda
Perante o altar-mor da nave principal.
@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@
Releia o poema, ouvindo Debussy: La Cathedrale Engloutie
6 comentários:
QUERIDO EURICO, MARAVILHOSA A TUA POSTAGEM... VOTOS DE BOM FIM DE SEMANA, ABRAÇOS DE CARINHO,
FERNANDINHA
Eurico eu viajei legal, legal... E tenhos vícios salubres e nocivos a música está no rol dos primeiros (não te direi quais são os segundos, óbvio...)Debussy é dependência química e ter percebido a tua imagem ouvindo o virtuose foi mágico porque aquele teu gestual de repousar os dedos na face parece ser uma marca tua. Na outra imagem também estás assim, pensativo...
Agora sabes o que realmente conseguiste despertar em meu pensamento?
Uma viagem atemporal onde encontraram-se Pierce, Parmenedes, Heráclito e eu, e fomos discutir esse teu texto...
(risos e mais risos) E fica tranquilo em não bebi shampoo e não surtei mas imagina quem regia a sinfonia?
Olha eu fico imaginando a Kelly prestando atenção em teus textos amigo Eurico, tu pensas e escreves prá endoidecer o miolo de qualquer sujeito.
Tu és muito e por mais que não creias, sabes prá danar. Eita! Quanto sabes!!!
Abraçamigo guru,
Mai
Mai, menos... rsrsrs
Guru de quem? Guri, talvez. rsrsrs
Sei nadica de nada! E lembro da estória de dois matutos que conversavam, e um dizia pro outro:
- Eita bicho besta, tu num sabe de nada mesmo, né?
E o outro retrucou, socraticamente:
- É verdade. Mas eu sei que num sei, cumpadi, e tu que nem sabe que num sabe.
kkkkkkkkkk
Eu sou o segundo. Pelo menos já sei que nada sei. kkkkkkkkkk Um dia chego a Delfos e inicio a caminhada do conhecer a mim mesmo.
Beijo d'amigo.
Passei o dia inteiro lendo seu blog e me envergonhando de haver inventado um, pensando que sabia fazer. Insiro-me na conversa dos dois matutos - sei que nada sei - e assim socraticamente cheguei à conclusão das minhas limitações.
Seu blog é bem organizado, de forma conscienciosa e erudita - sem ser esnobismo - e deixa a gente com vontade de apagar o que já fez. Sua sensibilidade fala no silêncio pois é nele que a alma se revela como é. Parabéns, amigo, por tudo quanto ali está registrado, inclusive as citações a alguns textos meus. Mereço?
Passei o dia inteiro lendo seu blog e me envergonhando de haver inventado um, pensando que sabia fazer. Insiro-me na conversa dos dois matutos - sei que nada sei - e assim socraticamente cheguei à conclusão das minhas limitações.
Seu blog é bem organizado, de forma conscienciosa e erudita - sem ser esnobismo - e deixa a gente com vontade de apagar o que já fez. Sua sensibilidade fala no silêncio pois é nele que a alma se revela como é. Parabéns, amigo, por tudo quanto ali está registrado, inclusive as citações a alguns textos meus. Mereço?
Merece, sim. E não sou eu quem diz. Haja vista as premiações que você tem recebido por seus trabalhos. Eu é quem fica honrado em poder citar, ou intertextualizar com suas idéias.
Abraçamigo e fraterno.
Mas não desista do blogue. Essa é uma ferramenta que se vai aperfeiçoando aos poucos. Começa-se assim, só texto. Depois vamos ilustrando, pondo música, etc. Tudo isso com alguns cliques. É maravilhoso!
Eu que sou da geração da máquina Olivetti Lettera, fui me adaptando aos poucos e fiquei fã. rsrsrs
O que importa é o conteúdo.
Abraço fraterno.
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