Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

quinta-feira, agosto 23, 2012

GINETE (poema-agalopado)


CAVALO DOIDO - Emanuel B. Brito
 
 
eu não invento
um arte-
fato; estou 
no próprio arte-
fato
que (se) constrói
tritura
mói
rumina
depois, atiça
cospe, vomita;
estou na Liça,
isso-que-avança,
ginete e lança
guerra gregária
sou luta e dança
bellum sine bello
guerra sem guerra
em lances belos;
desejo, anelo
que se projeta
que se reinventa
sou esse estado
de sobressalto
nessa intra-estrada entre-
aberta,
cavalgo em alerta!
e enquanto troto
eu me desloco
e aloco vozes, eus
antevisões
convoco
forças plurais
pulsões
e invoco d’eus E
povoo o espaço
com multidões
faço e disfarço
forço o desforço
por todo lado
esses mil lados
esses meus lados
e em fuga, invado
a terra ao lado
uma outra terra
não mais agrária
terra não-terra
disforme e vária
e me desloco
(belo, sim, belo!)
feito um martelo-
agalopado
em campo aberto
por esse estro
lócus incerto/devir-cavalo
cruzo o deserto
cruzo, acasalo
re(po)-
voando...




Fonte da imagem:
AbARCA
de Emanuel B. Brito
 

4 comentários:

ebbrito disse...

Porreta, porreta, porreta

ebbrito disse...

Taí, tô gostando, acho que vai dar bolero, lero !!!

Unknown disse...

ô beira-mar, ô beira-mar, o galope só é bonito, quando é a beira-mar: ai quem me dera uma viola pra tocar,




abração

C@uros@ disse...

Um belo galope, meu amigo Eurico,

forte abraço

c@urosa