CASTELO por E. B. Brito |
Há frestas no mundar-do-mundo,
por onde flui a flor
das formas inefáveis
:
A luz de um jorro d’água
despenca contra o cântaro;
e o ontem se expande, ôntico.
Um galo na aurora, introjetado,
essa presença e um fluxo,
um quase-estado.
O tempo,
rangendo as dobradiças no equinócio;
o eixo desgastado,
do carro de mneme, em rolimãs.
Manhãs,
cama de molas, mãe,
fuga da escola e a bola,
retumbando no zinco dos portões.
Há ecos luminosos ...
Há mesmo luz na voz
do antigo chafariz;
Arcos reflexos, folhas de flandres.
Latas vazias esperam;
em quântico, o universo se expande.
O vento nas anáguas,
réstias do Sol na água,
Há luz!
Há luz nas coisas compossíveis!
Aldravas, velhas casas,
alfinetes em almofadas,
ferrolhos que se abrigam;
As mangas nos quintais
Alpendres, cercas vivas.
Nesse impalpável mundo, a chuva cai.
Uma antiga voz de jorro em latas d’água,
o chafariz
deslizam rolimãs ladeira abaixo,
ladeira acima,
Olinda.
A chuva no telheiro
dum pardieiro.
A Bica do Rosário.
O Bispo do Rosário.
Tempo feliz.
Ecos distantes...
a mesma voz de jorro d’água
do mesmo chafariz;
raios do mesmo Sol, em enfileiradas latas de folha de flandres.
Um mesmo e antigo Antes,
recentemente introjetado, ,
e um tempo,
rangendo nos seus eixos desgastados,
num trilho da memória.
Em rolimãs...
(poema em fluxo de consciência, inspirado na obra de Arthur Bispo do Rosário)
Fonte da imagem:
Emanuel Bezerra de Brito
4 comentários:
Eita irmãozinho, tá bom quitá danado!!!!
Tú é poeta mesmo!!!
Oxente, sou poeta nada. Depois que o Sarney se disse poeta, a coisa ficou meio chata. hehehe
Mas vou lidando com as palavras...
Abç cordial
uma feira farta de imagens, combustão de paisagem, incêndio de luz, e os ecos que reverberam na reminiscência da aurora,
abraço
Assis,
quem melhor do que tu para falar de imagens e de Feira? rsrs Tu que durante mais de 1001 dias nos tem brindado com poemas em cinemascope, com um voraz apetite de plasticidade em tua verve.
Axé, irmão da letras, salve a Bahia e viva a Sant'ana e sua Feira!
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