Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

quarta-feira, dezembro 28, 2011

JAZZ EM KALDERASH

Imagem Google




















Os povos ágrafos instalam-se na sala
e criam os novos tons da nova fala.
Não mais verbetes, mas, balbucios em torvelinho
pois todo o léxico se esvaiu sobre um desvio...
No vão,
um velho-
mundo desfilia-se.
Nasce a contra/dicção;
Instaura-se uma nova i-lógica.
Cada sentido,
todo o sentido, percebe-se por música,
síncope, calafrio.
Exato agora é o tufão.

Os zíngaros sopram pífaros
e os romanis em circos
inventam novo chão
de lona,
provisório, movediço
e cada passo é falso
é mais um precipício, um início, um indício.

A aurora invade a tela.
É a primavera!
:
beduininhos, crianças gipsy, infantas dançarinas lusas, pivetes roms, childrens sioux, apaches, manuches, romanichéis, curumins tapuias, fulniôs, calons, ciganinhos judeus, negrinhos bantus, bororos, bambinas zíngaras, neo-moicanos, pastorinhas celtas, niñas bailarinas de Córdoba, de Granada, filhos de candangos, caipirinhas das Gerais, matutinhos paus-de-arara, os nordestinos... os meninos palestinos, todos dançando em círculos. É a primavera!

Eterno-ritornelo
eis o renovo,
o drão contra o dragão
o que se insurge e faz
da morta-natureza, a viva,
a que se salva, essa que jazz
e muda e se con/trai,
e vibra em bela língua,
candente, rediviva, aqui, ali, alhures,
essa língua que vlax, que não-vlax
que vive onde se esvai...



Nota do blogueiro:
(vaticínio em vísceras de galos sírios)rsrsrs

Dedicado ao poeta-amigo-irmão Waldomiro Ribeiro,
que de ribeiro só tem o sobrenome,
pois o que Miro nele é um imenso e caudaloso rio,
com cachoeiras e correntezas, com nascentes e estuários...
Abraço fraterno, Waldomiro!

Spanish Guitar - Flamenco - Al di Meola, Paco de Lucia, John McLaughlin - Jazz Latin Instrumental:


6 comentários:

Anônimo disse...

FELIZES PARA SEMPRE

é clichê,
é ilusório,
é passageiro,

mas é um bocado bonito, também!


Feliz Ano Bom!

Abraço.

Rejane Martins disse...

há musica, hay dança, andemos, andança - andamento universal, com_passo plural.

Unknown disse...

da Babel a Babilônia há tantas vozes em canto, a linguagem universal é a algaravia onde se vive o tudo e o nada ao mesmo tempo,


abração


p.s. esse trio que toca é da pesada

lula eurico disse...

Grato, Assis,
essa coisa/poema tem um pouco da sonoridade baiana, do que é tem no tabuleiro universal, do Dorival e dos outros novos baianos, como tu.

Unknown disse...

Que coisa, Eurico!

Belíssimo. Sei que estaria na gravura!

Pelo menos concorde da grandeza de sua poesia.

Beijos

Mirze

lula eurico disse...

Mirze, amiga,
tua generosidade é frondosa. Colho as frutas de teu altruísmo intelectual.
Esse é mais um experimento poético agenciado por fluxos de outros sujeitos, de outras tribos... vejo-me entre eles, como em água corrente, não mergulho, apenas bóio, à superfície...rsrsrs é só isso essa coleção de verbetes, digo, de torvelinhos. rsrsrs

Abraço fraterno.
Felzes dias.