"E disse:
Em verdade vos digo que, se não vos converterdes
e não vos tornardes como crianças,
de modo algum entrareis no reino dos céus."
Mateus, o publicano, cap. 18:03
- Bom dia, disse o príncipezinho.
- Bom dia, respondeu o guarda-chaves.
- Que fazes aqui? Perguntou-lhe o príncipezinho.
- Eu divido os passageiros em blocos de mil, disse o guarda-chaves. Despacho os trens que os carregam, ora para a direita, ora para a esquerda.
E um rápido iluminado, roncando como um trovão fez tremer a cabine do guarda-chaves.
- Eles estão com muita pressa, disse o príncipezinho. O que é que estão fazendo ?
- Nem o homem da locomotiva sabe, disse o guarda-chaves.
E trovejou, em sentido inverso, um outro rápido iluminado.
- Já estão de volta? Perguntou o príncipezinho...
- Não são os mesmos, disse o guarda-chaves. É uma troca.
- Não estavam contentes onde estavam?
- Nunca estamos contentes onde estamos, disse o guarda-chaves.
E um terceiro rápido, iluminado, trovejou.
- Estão perseguindo os primeiros viajantes? Perguntou o príncipezinho.
- Não perseguem nada, disse o guarda-chaves. Estão dormindo lá dentro, ou bocejando.
Só as crianças esmagam o nariz nas vidraças.
- Só as crianças sabem o que procuram, disse o príncipezinho. Perdem tempo com uma boneca de pano, e a boneca se torna muito importante, e choram quando a gente toma...
- Elas são felizes... Disse o guarda-chaves.
Fonte da lição:
Le Petit Prince - Saint-Éxupèry
Capítulo XXII
In: http://www.cirac.org/Principe/Ch22-pt.htm
9 comentários:
Belíssimo, Eurico!
Que maravilha saber selecionar, assim, um texto!
Só as crianças sabem o que procuram...
Que verdade grandiosa!
Sabe, amigo, por causa deste seu post, vou reler O Pequeno Príncipe!
Grata pelo importante lembrete!
Forte abraço.
Zélia,
o Petit Prince está on-line e em bom Português. O link está no fim da postagem.
E não esqueça de fazer um contraponto com as lições do Mateus, o publicano, ou qualquer dos evangelistas, na célebre passagem do Sermão do Monte.
Não há conhecimento profundo, não há gnose verdadeira sem os olhos puros da nossa criança interior.
Abraço fraterno.
Muita paz!
Post muito bom também preciso reler o Pequeno Principe... Um abraço!
Grato, Veloso,
precisamos todos re-ler, re-visitar o Principezinho.
Abraço fraterno.
Que lindinho!
Muito fofo mesmo!
Bjs
queridíssimo, eurico, que história é essa de que eu te impulsionei ao mundo da blogoesfera, se foi justo o contrário? obrigado pela visita no blog da raíssa.
Tenho certeza de que ela ficou muito feliz com sua instigante presença.
saudações,
de la mancha
Mestre Luís,
vc talvez não lembre, mas teu CorVadia entrava em meu email do IG, feito um spam rsrsrs Eu não lia, mas achava interessante o nome do blog e os assuntos tratados nele.
Belo dia abri teu email. E daí a criar um blog, foi um instante.
Agradeço sim, a vc, Mestre, pela minha decisão de criar um blog.
Hoje essa ferramenta faz parte de minha produção literária. Nele socializo meus objetos verbais.
Abraço fraterno.
Que delícia entrar aqui, hoje, em véspera de eleições. Não entendeu?
...
Ai que Saudade dos tempos lúdicos.
O sonho por aqui está cheio de ruídos.
Abração
Os tempos lúdicos são esses, Jacinta.
Não deixe que os maniqueus, os sem graça, os que embarcam nos trens da história sem esmagar o nariz nas vidraças, não deixe que eles roubem a nossa alegria.
O meu povo cantava nas senzalas. Celebrava a vida. Eu ainda canto, porque o instante existe...
E insisto em sonhar.
Abraço fra/terno.
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