1
O porto, defendido por muralhas de Al-raçif ,
é a obra milenar das madréporas e dos rios.
Os diques e os jardins são de um príncipe alemão,
com a ajuda prestimosa dos marranos.
Mas os bazares...
ah, os bazares... são de sírios, libaneses,
velhos turcos, carcamanos;
Isso explica a algaravia
dos pregões mediterrâneos,
nessa vila de moçárabes.
2
Ao adentrar essa nave,
quase mesquita, da Penha,
imensa abóbada erguida sobre o pátio do mercado,
sinto um sussuro ultrafânico.
É uma exigência do ibbür:
Sete sermões capuchinhos.
Sete bençãos carmelitas.
Sete-estrêlo.
Sete liras.
No meu coração há um dardo.
Sobre os meus ombros, um fardo.
Da moiraria oiço um fado,
nesses vitrais projetados,
no espelho de um mar azul...
Meu ser fica impregnado:
Essa é a exigência do ibbür.
(dedicado ao ex-capuchinho da Penha e meu irmão, Diógenes Afonso de Oliveira)
Fonte da imagem:
Basílica da Penha - Recife - PE
5 comentários:
evocações de um recife antigo, um retrato a la Manuel Bandeira
abraço
Eurico,
Sua evocação ecoa pela geo-grafia/metria.
Desalicerçar as construções: eis como ver nelas as muitas marcas das muitas mãos, como se tudo se encontrasse em linhas híbridas.
Gosto da forma que seu olho olha as coisas, querido poeta.
Um beijo.
Oi amigo bom dia , passei para agradecer a sua visita a qual me deixou muito feliz, A igreja da penha ficou muito bonita deste ángulo Aproveitei lí algumas poesias, Um abraço amigo Celina.
Você tem um cuidado tão bonito com as palavras! Admiro. São palavras de cultivo, de horta, de pomar, de jardim. Elas articulam o vigor com o primor.
Um abraço.
Grato, gente;
de fato essa série é, na verdade, uma brincadeira etimológica... rsrsrs
E só.
Eu lhes afianço com minha Palavra...rsrsrs
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