Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

sábado, agosto 21, 2010

Dauri_ lírico

















castigos de lagartas sobre flores e folhas,
descoloridos dias e buracos.

a tez leve e doce das pétalas, triturada em alimento
de futuras asas.

dos dias surgirão que asas.

e se abrirão de encasulados sofreres.





Poema do:

- Dauri Batisti


Fonte da img:
Lagarta

13 comentários:

lula eurico disse...

1
A súbita apreensão de uma imagem, de uma cena que evoca, que faz evocar, ...esvoaçar...
A renovidade da metáfora.
A infinita possibilidade da efabulação...

...

2
Houve um famoso filólogo alemão que insistia em dizer que a palavra não passa de "estímulos nervosos em forma de sons".
Cada um escolhe a sua forma de enlouquecer.
Ele enlouqueceu assim, sem a aceitar a palavra. Essa palavra que faz arte e faz verdades.
E muitos ainda o chamam de filósofo...

lula eurico disse...

3
Para Nietzsche a verdade é: "Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são."

***

4
Mas essas, senhor filólogo, são as mais belas verdades e as verdades possíveis. Viver sem essas verdades é enlouquecer a busca de outras verdades tão metáforicas quanto...

***

5
Sem essa verdade lírica, estranha, ilusória... sem ela não há vida.
O homem efabula pra viver, como a aranha urde a teia.

***

6
Estou lagarta ou esvoaço?
Tanto faz. Estou vivo.
Estou lírico.

***

7
Irmão Dauri, não resisti ao teu poema. Perdão...

Unknown disse...

serão sempre o recomeçar e o renascer em vôo,

abraço

VELOSO disse...

É a vida... Voando por aqui!

Sueli Maia (Mai) disse...

Depois da poesia nos versos, um mergulho no saber.
E amanhã estarei contigo em pensamento prá te desejar um feliz tudo, meu amigho de infância.


agraçamigo.

Anônimo disse...

Bonito poema!
Ótima explicação. Perfeito como sempre!
bjs querido.

Ilaine disse...

Sim, estás todo lírico. E o poema de Dauri é realmente irrestível. Gosto demais dos seus escritos.

Eurico, que dia é hoje? Seria um bem especial? Me fale... Felicidades, sempre! E um abraço bem forte. Ila

lula eurico disse...

Ila,
todos os dias são especiais. Mas faz 55 anos hoje que eles o são pra mim. rsrsrs
No entanto, aprendi que os dias são especiais em 2009. E a lição foi o maior presente que eu poderia ter ganho. Hoje os segundos, os minutos, os dias, as tardinhas, as madrugadas e as auroras, tudo é motivo de bater as palmas e de soprar velinhas.
Já pensou. aniversário dos 55.555 segundos rsrsrs

Bem, felicidade pra ti tb, irmãzinha. E pros teus 3 guris (um é o pai), extensivo às tuas flores... tão bonito o teu jardim.

Grato.

Sueli Maia (Mai) disse...

Feliz Aniversário, Eurico. Hoje comemoraremos a tua vida, revivida. Imenso abraço.

lula eurico disse...

Grato, Sueli.
Mas me preocupo pq não sei a data de vcs.
Felicidades pra todos e todas.

Abraço fraterno, minha querida amiga d'infância.

carmen silvia presotto disse...

Eurico segui a seta e fui ler outros poemas, obrigada pelo caminho a mais Poesia e que bom entrar aqui e me debater com asas descorinando amanheceres...

Um beijo

Dauri Batisti disse...

Bem, Eurico, me surpreendi com as reflexões que você foi fazendo a partir do meu poeminha de beira de estrada. Aqui o poema ficou mais bonito, acho que é "algo" especial que o seu blogue transmite, obrigado.

Vamos juntos.

Parabéns pelas vitórias, pelas batalhas, pelos passos ao longo dos seus caminhos. Você vai fazendo, decerto, uma bela estrada.

Abraço forte.

lula eurico disse...

Dauri, irmãozinho:

8
Reflexões sobre um "poeminha de beira de estrada...":

Quem de nós se ocupa por um momento a volver o olhar até a flor silvestre, à beira do caminho?

Toda uma atitude poético-filosófica-existencial está nesse pequeno gesto de dobrarmos a cerviz em direção à moita de ervas humildes, à beira da estrada:

***

9
"A circunstância! Circum-stantia! As coisas mudas em nosso próximo derredor! Muito perto de nós, levantam suas tácitas fisionomias com um gesto de humildade e de anelo, como necessitadas de que aceitemos sua oferenda (...)
E andamos cegos entre elas, o olhar fixo em remotas empresas, projetados para a conquista de longínquas cidades esquemáticas...
(Ortega y Gasset, in Meditações do Quixote, p. 47)

10
Para Moisés, o p(r)o(f)eta, toda pedra era um manancial...

11
Grato, irmão, por tuas lagartas, tuas flores e folhas, dias roídos e buracos, pelo caminho amigo, por essa beira de estrada e esses teus olhos sobre as minudências...
Grato.
Gratos.