Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

domingo, agosto 08, 2010

Noa-noa



















E a velha floresta cuja férvida seiva
se enriquece expandindo-se em
descuidadas ondas
esbeltas palmeiras cujos frutos se agitam
nos céus,
tamarindos, papoulas, fetos
gigantescos...
o pau-rosa e a manga que enchem o ar
com um fausto de sombra e de perfume,
árvore de ferro
e as que são pródigas de doces frutos,
carnes e pão, e as que se oferecem
por si,
muros e telhados de casas, altivas naves
e tálamos
tornam a vida um sonho belo, abolidos
o trabalho e a fome, a miséria e a inveja.
A Floresta, inteira ao cabo da vida
imensa,
morte perpétua, renascença sem fim.


(prosa poética de Paul Gauguin - apud F. Brennand*)

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*Não é à toa que o Francisco Brennand intitulou o livro de onde extraí o quase-poema acima, como Diálogos do Paraíso Perdido.
Estamos “perdendo” o planeta Terra, como vaticina o milenar relato bíblico do Éden?
Ainda há tempo de mudar a nossa civilização?

10 comentários:

Canto da Boca disse...

Não apenas acredito como consigo vislumbra mudanças aqui, ali e acolá. Caso nao acreditasse, qual o sentido de estar lendo-te? Essa voz que conclama e colabora afetiva e fraternalmente para a transformação?

Vizinho, eu lhe indiquei para ser o próximo entrevistado na Rádio Amparo, no programa Poesia & Música, para o próximo sábado.

Abraço!

;)

Sueli Maia (Mai) disse...

Quem dera, Eurico, quem dera...A ancestralidade declama e assim também reclamam os povos das florestas.

Belo!

A fotografia é convidativa.

um cheiro, meu amigo.

lula eurico disse...

Óxente,
e eu tenho essa competência...
Estou receioso de num saber falar...
Escrever é um ato solitário, mas falar na rádio para um tímido com eu...rsrsrs
Bem, me dá o endereço. rs
Vou tentar...
Muuuita honra e responsabilidade também.

lula eurico disse...

Mai,
Assim reclamamos todos nós, pois não um humano sequer que não tenha um gene, umzinho que seja, vindo do aborígene.
No fundo todos estamos clamando pela água potável, pelo verde e pelo ar puro.

Abraço cordial, Mai, querida.

Canto da Boca disse...

Oxente, Vizinho, tem gente mais tímida que eu nao, e eu apesar do nervosismo inicial, do tremor e do medo, consegui, imagina você, esse homem tão extenso e cheio de lirismo, além de ter muito o que nos dizer?

Abraço!

;)

lula eurico disse...

Eu, extenso? Com 1,69m, não dá pra se dizer extenso. kkk

Mas não me furtarei ao convite.
Espero estar melhor de saúde.
Sabes que me recupero de uma doença chata danada, né...
Faço fisioterapia e drenagem linfática, aí em Olinda.

Bem, mas aqui não é lugar pra essas prosas.
Estarei lá, nem que chova canivete... vixe. Bem, se chover levo um quarda-chuva de aço...kkk

abraçamigo e fraterno.

Canto da Boca disse...

Sim, eu sei, e olha, diz 18 tá ali na esquina, se a fisio, ficar perto do Hiper, um café caía bem?
Combinemos isso no email, manda lá o dia da sua vinda, vi na vez anterior, mas sequer tive a delicadeza de lhe responder...

Abraço fraterno, Vizinho.

P.S.
Os abraços ao xará sao sempre dados, com todo gosto do mundo!

Érica disse...

Recebi o convite sim, adorei e aceitei. Esperar que ele entre em contato, inclusive você também né? Vamos todos então, falar de posia nunca é demais.

Abraços

lula eurico disse...

Valeu, Érica!
Vamos lá!

Ilaine disse...

Eurico, amigo! Saudades! Obrigada pelo carinho. E aqui... Sim! Aqui me sinto em casa. Acolhida!
Beijo