Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

segunda-feira, outubro 01, 2012

UMA ROSA RASA

oqueimPORTA - E. B.Brito


Naqueles dias lia Foucault, As Palavras e as Coisas, e, depois de animado debate com Lana Reis,
estagiária do Memorial da Justiça, sobre a estética modernista com "a dura poesia concreta de suas esquinas" em contraponto com certo exagero neo-barroco e outras questões interessantes, a danadinha desafiou-me a fazer um poema sobre a porta da nossa sala de trabalho. Fiz.  Creio que dá pra publicar aqui:



UMA ROSA RASA



À porta, o simples:
ergue-se o ser plano e angular,
mera tábula.

À porta, o singular:
planta de folha única,
monolito em eucatex, uma rosa rasa.

À porta, a estética:
fruta de sua função.
bela sem ter a necessidade de pétala.

À porta, aportam
a forma e o fundo:
silogismo binário, o geométrico e profundo
ser que abre e fecha
a prosa do mundo


Eurico
14/06/2001




Poema dedicado a Lana Helane Reis Raposo,
uma das pessoas mais brilhantes que já conheci,
e de quem recebi lições profundas e belas
que guardo com o carinho e o cuidado de um eterno aprendiz.



Fonte da ilustração:
Mais uma obra prima de Emanuel B. Brito.

Um comentário: