O arquivista cofia
os seus extensos bigodes
na incerteza se pode,
ou na certeza que não pode
forjar aquilo que acode
ao seu instinto de ordem.
E sente na alma, fria,
a estranha melancolia
do anseio da simetria
que faz do caos, harmonia.
O arquivista avalia
e seus bigodes cofia:
será a ordem doentia?
E a métrica, antipoesia?
Bilac, em ordem, escandia
e, pasmem, estrelas ouvia,
naquela monotonia
ritmada, mas vazia,
mais parnaso que poesia.
Também verseja, o arquivista,
por entre as caixas em ordem?
Ouve, no acervo, as estrelas?
Perdeu o senso entre os lotes?
Eis que o arquivista debalde
procura a normalidade
que em seu cérebro havia;
como o herói de Cervantes,
surtado, avista gigantes
entre as estantes esguias...
(Que bela patologia!)
Fonte da imagem:
http://storage.mais.uol.com.br/357613.jpg?ver=1
Nota:
Dia Nacional do Arquivista - 20 de Outubro
(uns ainda se orgulham da função)
2 comentários:
Pra vc, grande cumpadi:
http://profdiafonso.blogspot.com.br/2012/10/porque-hoje-e-dia-do-poeta.html
abs
ao tempo, ao verbo, cofio as amarras das horas, sou navegante de sílabas, ao arquivista me foi dado o encontro: carrego moinhos de vento nos olhos dourados de estrelas,
abraço
(uma poesia e tanto, e muito)
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