Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

segunda-feira, dezembro 05, 2011

DA ÓTICA (para uma teorética do sensível)






















Quando um poeta diz
bonina
diz/simulando,  apenas,
esse mundo sensível,
em que habita
dos olhos a menina.

Seria a poesia
a mera luz sobre a retina?

Quando um poeta diz
grená
e o som acaba
de brotar,
bruto,
dos lábios,
trata-se do inútil traduzir
o que há
nos pequeninos vasos
que irrigam isso que se chama
olhar...

Poesia é só o sangue a/tingindo um capilar?

Quando um poeta diz
magenta
eis que algo na massa cinzenta,
talvez um nervo-estético,
acorda em nós,
uma voz num vão secreto:
é a genetriz da cor,
a mãe,
a cor-da-cor...

Poesia
é só o ser sensível
que transborda e
acorda?

[Acorda]


Fonte da imagem:
Os nomes e as cores
Scienceblogs.com.br

4 comentários:

Lícia Dalcin disse...

Virtuoso para além. Tocas a poesia; tanges a poesia, em ritmo de constatação de delicadeza exata. Vês ao vivo o que há na gota d'água. Tomas para ti in verbis o de que cada olhar se impregna. Por isso -e mais- sou tua leitora.

carmen silvia presotto disse...

Poesia é estar aqui e despertar na retina de teus versos que comigo sempre conVersam!!

Um beijo meu amigo, carinho sempre e boa semana.

Carmen.

Ilaine disse...

Poeta querido!

Em poucos dias viajarei para aí... Pelo carinho durante o ano sou muito grata e me fez muito feliz. Suas palavras é sempre poesia em meu blog... e que precioso.

Beijo no coração!

Boas Festas!

lula eurico disse...

Seja bem-vinda, Ilaine.
Faça boa viagem.

Abç fra/terno.