Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

sexta-feira, janeiro 28, 2011

SAÔ (uma advinha)




Nas veneráveis folhas da Torah
oculta-se
esse gigante de África
:
Em seus cabelos uma águia se aninha;
no dorso de seus pés planta-se uma vinha
e um sensitivo hassid ad/vinha,
nessas mãos de auspiciosas

entrelinhas.

Se és iniciado em Burroughs,
saberás que aqui se fala
por senhas recortadas da cabala;
Se reconheces Pessoa,
e os rosa-cruzes,
saberás que aqui se evoca um Urvater, em luzes

Essa é u'a voz-águrio, voz de um vate;
na língua original de Adam, fold-in/cut-up,


Toda protopoesia há nessa Ursprache.





Fonte da imagem:Estudo para Crucificação

3 comentários:

Anônimo disse...

Amigo,
vou ter que ler de novo. Mas já gostei.
Bjs e um ótimo final de semana pro cê vi.

Unknown disse...

plena de evocações a tua lira, arauto de elevações


abraço

Dauri Batisti disse...

Saô que lingua? uma de lindas idas e vindas decerto, decerto e de través por aqui seguindo tua poesia, de sensações e adivinhas, vou. Os jeitos e os modos com que escreves revelas um amor imenso pela lingua, esta que no Brasil tem tantos pássaros e palatos. Senhas recortadas que entendo são poucas, mas deixo que os olhos se comparem ao coração e tudo se entende, decifro. Andas sumido amigo?, por onde andaste, lembro Manuel bandeira, volto aqui pra evocar a poesia, vem poesia vem, vem para os meus olhos, olhos de ver, mais do que para as palavras, o que escrevo depura-se das uvas que colho,que olho, que escolho, entedes-me, eu sei,

abraço-te.