Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

sábado, setembro 01, 2012

CEIA (com peixe de E. B. Brito)

PEIXE-BOI 
E. B. brito 
 
 

Assentados à mesa,
repartem o peixe mitológico.
(mil anos os espreitam das escamas carcomidas)
Mil olhos
Mil’entes
Ante a mesa posta, verbofágicos,
os comedores de palavras
― ceiam ázimos
― bebem verbo
― gestam lácteas estrelas.
Vejam-me d’entre eles,
meus múltiplos eus e eu,
afiando essa faca ineffabille,
repartindo, nesse médium volátil,
Esse pães guturais...


 
Eurico
Pina - 1995
ao poetartista-plástico Eugênio Paxelly


Créditos da imagem:
Emanuel Bezerra de Brito

Um comentário:

Unknown disse...

do peixe translúcido o líquido verso,



abraço