Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

terça-feira, setembro 25, 2012

CÁLIX (um mitologema)

CÁLICE - E. B. Brito
 

De pé sobre as águas
Ergo até a fronte, em brasa,
A Palavra.
Seu hálito me invade
E acende a porta, a estreita porta,
Vazada sobre a noite dos tempos.
Mesmo quando sobrevoa-me em círculos
A ave do ocaso:
Nada dizer.
Nenhum pensar.
Nada ser.
Chorar sobre a cidade agônica
E olhar-me de fora das muralhas.
Tenho um centro ou dilato-me centrífugo?
Todos os ninhos estremecem vazios.
Estou sem mim.
Mas há címbalos.



 

Poema também publicado, anos atrás,  em http://www.blocosonline.com.br/
por gentileza da amiga Leila Míccolis - Maricá-RJ
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Imagem:
Cálice in AbARCA

Comentário deste poema em
Um Cronist'Amador


 

5 comentários:

ebbrito disse...

Beleza, beleza, beleza
tú é poeta mermo cara,
diz cada coisa bonita que só!!!!

ebbrito disse...

Tú é poeta mermo visse cara!!!!

Anônimo disse...

Bonita poesia, já começa a tocar-nos pela sensibilidade que tiveste da imagem que a ilustra.

Um abraço!

lula eurico disse...

Grato, amigos, Manel e Will.

Mas Manel, sofro dessa patologia, que acomete os sensíveis, a Poesia, desde pequenino.
Creio até que tive uma piora, depois de maduro. Hoje não sei se chamo poesia ou delírio o que escrevo. Talvez seja por isso que me sinto tão cúmplice dessas tuas abstrações líricas.
Tem algo de surreal, de onírico no que construo.
E é isso.

Abç.

Unknown disse...

oh deus salve, e oiço o bronze a ressoar


abraço