Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

segunda-feira, junho 22, 2009

O Vazio em Pessoa (ouvindo Pã, na velha estrada d'Aldeia)



























Trila na noite uma flauta.
É de algum pastor? Que importa? Perdida
Série de notas vagas e sem sentido nenhum,
Como a vida.
Sem nexo ou princípio ou fim ondeia
A ária alada.
Pobre ária fora de música e de voz, tão cheia
De não ser nada.
Não há nexo ou fio porque se lembra aquela
Ária ao parar, e já ao ouvi-la
Sofro a saudade dela
E o quando cessar.




..............................................Fernando Pessoa


Fonte da imagem:
http://deliriodoonirico.blogspot.com/2007/02/ao-som-da-flauta-de-p.html

Nota do blogueiro:
Este poema do Pessoa não possui título.
O título é da postagem e não do poema.
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2 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Pandora e Pã.
Caixas, mistérios, vazios, viagens ao fundo...
Leveza dos ventos, sopros de flauta, voos, nuvens, verdes e azuis...
Respiro fundo e já estou em alguma estrada de alguma aldeia ou mesmo na estrada de aldeia...
Pessoa e em seu vazio, os nossos.

Abraços d'amiga.

Éverton Vidal Azevedo disse...

Que lindo meu irmao.
Quanto vale a pena vir aqui ler sua poesia.
Um abraço fraterno.