Uma Epígrafe
"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]
segunda-feira, agosto 08, 2011
PELEJA
A Carlos Pena Filho
Acender uma fogueira
Sobre os destroços da fúria:
Dizer o dom mais terrível
No tom da mais vil ternura.
Por monossílabos vastos
Cantar o avêsso, a feiúra.
Atravessar a existência,
Esse fado, essa caatinga,
Com a Língua ressecada
E o estio dentro da fala.
Domar a Onça suasssuna
Da Vida graciliana,
Inda que o peito lanhado
Pela palavra, cardeiro;
Pela palavra, essa morte.
Aboiar angustiado,
Rumor de vozes queimando:
Viver é ser renitente,
Acender uma fogueira
Sobre os destroços, os destroços,
(...ai, que légua tão tirana...)
sobre os destroços da fúria.
Eurico
3º Lugar no Salão Pernambucano de Poesia – 1994
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Fonte da imagem:
http://www.ecodebate.com.br/2009/06/18/desertificacao-ameaca-pelo-menos-cem-paises/
Incelença pra terra que o sol matou
Elomar, Arthur Moreira Lima, Paulo Moura e Heraldo do Monte
Bastidores da Peleja aqui
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11 comentários:
LINDO POEMA!
Carlos Pena Filho, merece. Mas 3º lugar ?????
Primeiro para mim.
Beijos
Mirze
aah...se conseguir
Domar a Onça suasssuna
Da Vida graciliana,
Inda que o peito lanhado
Pela palavra, cardeiro;
Pela palavra, essa morte.
ja darei pulos de alegria!!!
beijao
Parabéns Eurido, tua poesia merece destaque!!
beijos e boa semana.
Carmen.
Mirze, nasci em uma cidade que tem alta densidade de poetas por m². Ser 3º lugar em certame estadual, em que tantos bons poetas concorreram, muito me honra.
Mas desisti de concursos. Foi só uma experiência. hehe
Ah, não sou gaúcho. Nasci na divisa entre Jaboatão dos Guararapes e o Recife. Mas somos um só Brasil.
Abç fra/terno.
essa peleja com acompanhamento do menestrel Elomar, tudo virá a ser tão
abraço
É de se resgatar a esperança quando se vê linhas reorganizando feiuras em beleza, aportes líricos; reconhecimento público da qualidade do que é cuidadosamente belo. Este teu poema é universal.
Belíssimo poema, de primeiríssima, independente de qualquer concurso!
E está a altura de Carlos Pena Filho, que mesmo tendo ido embora ainda tão moço nos deixou tantas pérolas poéticas!
um grande abraço, Eurico
Lindo,lindo,Eurico!
Arquitetura perfeita, armada com sentimento e palavras. Nada fora de lugar, sequer uma pluma...
Abraço da
Zélia
Que beleza! Assim se faz uma poesia universal! No início do poema, ao ler: "Acender uma fogueira, sobre os destroços da fúria", lembrei de Léo Buscaglia, no livro "Vivendo, Amando e Aprendendo". Ele diz que, se não te importas com alguém, não perguntes como ele vai. Mas se tens interesse, realmente, em saber como está essa pessoa, então senta-te e acende uma fogueira, pois na simbologia do teu gesto está a dimensão do teu amor e do teu cuidado para com o outro. E, foi isso que fizeste durante "a fúria", todo esse tempo, no uso das palavras, acendeste este poema para nos aquecer. Boa semana! Beijus,
Luma,
que prazer ter vc de novo por aqui.
Pode achegar-se do fogo.
Venha para essa tribo fraterna e solidária.
Um grande abraço.
Belo poema, Eurico! Obrigada por me seguir...Abraços, Raíssa.
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