(um experimento dziga-vertoviano) |
Uma baiteira passa,
Vagarosamente,
rente às palafitas.
Zoom:
(Patas longas, desajeitados,
os caranguejos engalfinham-se,
disputando um exíguo espaço;
A água suja desce pelas
tramas do cesto e lhe escorre
pelas sobrancelhas..., nariz..., boca...
Em slow motion, pela blusa,
onde balança belo o busto volumoso,
escorre a água e o suor...)
Zoom:
(Mão calosa, unhas cheias de lama,
aperta a franzina mão, sem pena, da menina...)
Fogem da nossa vista
como xiés assustados.
Zoom:
(Pernas finas, pequenina,
a menina franzina anda,
salta, corre, cai-não-cai,
pelas tramas do texto,
tentando seguir as passadas da mãe...)
Uma viela as encobre.
Entocam-se.
Olhos curiosos,
Dos mocambos,
espreitam pelas frestas das paredes de tábua e zinco.
(poema-escorço, pinçado das muitas experiências hipertextuais do Bóstrix n'água,
cujo título tomei emprestado ao capítulo Ôiazul)
Fonte da imagem:
Marisqueira
6 comentários:
salve, querido eurico! como vc está, guerreiro poeta cabralino?
poema de caranguejo sem cérebro desses manngues gerais, em que
a geografia da fome vira e revira
o nosso corpo sem órgão, como pico de criação, na luta que recusa o luto, e avulta, como vulto.
saudações
l
QUE LINDO EURICO!
Graças meu Pai, porque não preciso ser caranguejeira. Morro de medo desses bichinhos lindos, mas que apertam a gente.
EXCELENTE!
Beijos
Mirze
Mirze,
vc me fez mudar o título da postagem.
Claro que a personagem do poema não é marisqueira. A da imagem, sim.
Maria do ôio Azul, personagem do Bóstrix, é pescadora de caranguejos. hehehe
Valeu!
Ame, como se ninguém nunca houvesse feito sofrer...
Trabalhe, como se não precisasse do dinheiro...
Dance, como se ninguém estivesse olhando...
Cante, como se ninguém estivesse ouvindo...
Viva, como se fosse no paraíso!
Curta o que de melhor a vida lhe oferece com toda intensidade, como se fosse o último dia de sua vida ...
A vida muitas vezes é curta, mas mesmo assim seu caminho é longo.
Nela aprendemos a sorrir, chorar, amar, sofrer e a renascer, para amanhecer e termos um lindo dia...
Não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje...o ontem já passou... e o amanhã...talvez não chegará...
Seja Feliz Sempre!
Bjs.
um trabalho a ser respeitado na exaltação do poema, um cuidado importante.
minha reverência às Marias, às marisqueiras, às caranguejeiras, às rendeiras, às mulheres de entonação azul.
Trabalho ingrato, vida duríssima e
difícil dessas(esses) catadores de mariscos e caranguejos. E os magues estão desaparecendo...!?
um abraço, Eurico
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