(ou fábrica de espelhos)
É pra nos vermos, sim, é pra nos vermos
Que fabricamos
essas poças d'água contra o sol.
De vidro, todos os poemas
teoremas
apotegmas
todos os di-lemas.
Di-frações
Lentes espelhadas
(Luz, quero luz...)
Todas as pedrinhas lançadas no espelho d’água
E a flor das ondas reverberando...
Tudo isso, e ainda querer dos filhos
que sonhem como um dia sonhamos.
E que enxerguem o mesmo mundo que vi(ve)mos
Ajustar o foco,
Olhar nos próprios olhos
E revelar que não te amo.
Em verdade, eu me amo em ti.
Todos os postulados
Todas as teses
Os aforismos
Os vaticínios.
Sim, esses poemas,
vitrais,
bulbos de vidro soprados de dentro da alma,
São a maneira de re-ver
nesse afluente heraclitiano
que leva, sempiternamente,
Essa imagem, essa imago...
Esse auto-retraço.
Esse Eu.
É pra nos vermos, sim, é pra nos vermos
Que fabricamos
essas poças d'água contra o sol.
De vidro, todos os poemas
teoremas
apotegmas
todos os di-lemas.
Di-frações
Lentes espelhadas
(Luz, quero luz...)
Todas as pedrinhas lançadas no espelho d’água
E a flor das ondas reverberando...
Tudo isso, e ainda querer dos filhos
que sonhem como um dia sonhamos.
E que enxerguem o mesmo mundo que vi(ve)mos
Ajustar o foco,
Olhar nos próprios olhos
E revelar que não te amo.
Em verdade, eu me amo em ti.
Todos os postulados
Todas as teses
Os aforismos
Os vaticínios.
Sim, esses poemas,
vitrais,
bulbos de vidro soprados de dentro da alma,
São a maneira de re-ver
nesse afluente heraclitiano
que leva, sempiternamente,
Essa imagem, essa imago...
Esse auto-retraço.
Esse Eu.
Eurico
fev/2008
(A imagem é o Narciso de Caravaggio.)
5 comentários:
Amigo, esse foi profundo...
E esta frase me saltou aos sentimentos.
"Sim, esses poemas,
vitrais,
bulbos de vidro soprados de dentro da alma"
Poemas que nos revela. beijo
Bravo, Eurico!
" E REVELAR QUE NÃO TE AMO, EM VERDADE EU ME AMO EM TI".
Pura filosofia verdadeira.
"Esse EU - Eu-rico!
Você é o Máximo dos máximos. Já leu meu auto-retrato?
Se não, mando por email.
Bom, muito bom tê-lo de volta!
Beijos
Mirze
Belíssimo título, Eurico, só o título já é um tratado poético, e nele viajo.
Já no corpo do poema uma sensação de desconforto, dos poucos que não me deixam fluência. Transparente como que só - dali visão nenhuma a não ser a já postulada - quem só se vê, só se vê; quem se vê só, só está; quem vê o outro não tem saída e dali não sai.
feliz idade companheiro, que o tempo continue soprando melodias e as palavras se permitam ao arremate do verso,
grande abraço
Muito bom!, Eurico, lucidez e poesia juntas nos mostrando vários ângulos de um olhar poético!
um bom domingo e grande abraço
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