I
Quem
Munido de compassos lassos,
E de indeterminadas réguas,
Aferirá a roda dos inumeráveis mundos,
Em sua teleológica órbita?
Quem medirá das estrelas os passos,
E as léguas
De luz?
Quem há de mensurar a Vida,
Isso invisível,
Que flui?
II
Hoje amanheço igual ao excremento,
Que flutua num mar sem lógica;
Produto escatológico do tempo,
Papel qualquer, que a ventania joga...
Isso que sou, pensa,
E busca o nexo nessa imensidão.
Mas só percebe esse lugar restrito,
Até onde alcança a minha mão.
Minha vista é curta,
Meus olhos baços,
E exploro o espaço com uma ótica de ilusão.
Minha fé é táctil.
Como apalpar as coisas com a Razão?
Como guardar as crenças e as certezas,
Crendo que há solo depois de tocar no chão?
III
Aproxima-te, Amigo, não Te ouço.
Chega mais perto, ofuscado, não Te vejo...
Fala à minh’alma,
A esses meus ouvidos moucos.
Isso. Bem perto do meu peito.
Mais um pouco.
Deixa que Te toque o flanco (e não estou louco!).
É que só alcanço Deus: verdade, estrada, vida,
Lendo no Braille das Tuas feridas.
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Fonte da imagem:Século XXI
15 comentários:
Bom dia.Amigo,belas palavras,de onde vem tanta inspiração???
Parabéns eu sempre acredito nos poetas,e admiro os seus talentos literários e as suas emoções e idéias em escritas que nos comovem e ensinam a cada leitura.
Um bom domingo pra ti e parabéns de novo.
Tudo de bom.
Abraço.
GRAto, Vinicius!
A inspiração vem da Vida, do Caminho, da Verdade, que São Tomé queria a todo custo, sndo, de certo modo, incompreendido. Creio que teve a coragem de se dizer fraco na fé e, diferente dos outros, que apenas duvidavam, esticou as mãos em direção de uma prova palpável da ressurreição. Eu faria o mesmo, posto que é fraca a minha fé! E sou fã do Tomé! rsrsrs
Abraço fra/terno.
Meu amigo, li os dois poemas, o 1 e o 2. Fiquei admirado da beleza e da carga, recarga, de vida nos dois. Como sempre digo aqui: ARTE. Conteúdo sem pedantismo, lirismo e erudição em harmonia. Em poesia, além de palavras, é preciso saber o que se diz(você sabe, não bastam palavras bonitas e sonoras. Eu, que não sou poeta, entendo assim.
Vejo em você um novo impulso para escrever. Seus textos, mesmo que "conceituais" estão densos de vida e de "coisas" (rssrs), você me entende? Seus poemas me agradam cada vez mais.
PARABÉNS.
Grato, mano Dauri. Fico feliz, sinceramente. Sou teu fã e vc sabe disso. A obra de arte é aquela que nos toca pela estesia, mesmo as conceituais. rsrsrs
E não posso fugir de mim, do meu estilo. Sou fruta das minhas leituras. Entre mim e o Manoel de Barros, por exemplo há uma geografia. Sou do litoral, do mangue, dos canais, de uma cidade tão... européia, que qdo quer recuperar meninos carentes, não faz um Olodum, como os soteropolitanos. Faz uma Orquestra Sinfonica! kkk Os nossos negros do maracatu se vestem como reis europeus... E temos a amior densidade de poetas por metro quadrado do mundo. Mesmo contando com os panfletários e com os porra-loucas, que precisam de algum tipo de produto químico na mente para fazer poesia. Bem, sou deste universo, em que o poeta-mor, João Cabral, é conceitual e seco com as pedras do sertão.
Mas, o que mais me alegra é tua passada por aqui. EStou precisando dos amigos por perto... amigo faz um bem danado. rsrsrs
Abraço fra/terno.
Réguas, léguas e a vida se mensura pelo quantum de paixão e vida por viver a vida.
E vives, amigo.
Tu vives.
Beijos,
Saúde!
Isso é muito verdade. Ninguém sabe de nada desses mistérios da vida. Mas a necessidade das respostas é tanta que surgem as teorias baseadas em suposições. Tudo muito relativo sempre.
Beijos
Érica, amiga,
concordo contigo, embora creia que há absoluto em algum lugar, que não aqui. E creio que essa relatividade é boa, posto que humana. Deveria ser muito chato estarmos todos no absoluto. rsrsrs
Há uma coisa relativa que deveria ser absoluta nessa dimensão: o amor.
Abraço fra/terno.
Quanto talento heim Eurico!
Bjs.
Palavras que me tocam e com as quais me identifico a cada estrofe, sempre!
Não posso se não concordar e prestigiá-las!
Parabéns!
Oi, Maria Eliza,
minha aprendizagem é lenta, acho que eu deveria ter nascido um tartaruga: preciso de séculos de vida para compreender o que me cerca. rsrsrs Por isso, cometo poemas desconexos, que vão surgindo aos borbotões.Às vezes pueris, às vezes não. Esse é um poema de devoção. Sou fã do São Tomé, o apóstolo empirista! rsrsrs
Abraço fra/terno.
Eurico,
Estes teus poemas teológicos (posso chamá-los assim) me tocam bastante, isso porque o que vocè escreve sobre fé, religiao, Deus é bem parecido com o que tenho começado a pensar.
Vir aqui é sempre mais que um prazer é um aprendizado sério e certo também.
Abraço.
Éverton,
Melhor confessar: sou fraquíssimo na fé. Um fiapo de fé me sustenta. E faço minhas confissões públicas, nesses poemas, como as faço em orando em oculto, como aconselhou o Rabi. O que me sustenta é a idéia de que Deus é infinitamente mais generoso do que o mais generoso dos seres humanos. Isso me conforta, pq tenho necessidade de um pai carinhoso, que me perdoe as travessuras. rsrsrs
Abraço fratreno.
Oi, Mano! Perdoe a demora!
Mensurar a vida. O tamanho de seus enigmas ... nesta estrada. Apalpar as coisas com a razão nem sempre é fácil.
Um lindo poema.
Um abraço
Como estás, Eurico?
Dá-me notícias, homem de Deus.
Abraços
Oi, Mai.
Tou bem menina!
Ananhã te dou noticias boas, claro! rsrsrs
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