Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

segunda-feira, janeiro 07, 2013

DA FANTASIA - notas para uma analítica da folia

CARNAVÁLIA
E. B. Brito





















Untar de fantasia o corpo pela rua
Esse mesmo corpo que sustenta, nua,
a realidade.
Untar-se, pois, e besuntar –se
de toda a fantasia
possível e imaginável.

E dessa fantasia estão surgindo sempre
os monstros e os mantras.
Brincantes são crianças,
grotescos e risíveis,
gigantes claudicantes, feios, deselegantes:
O Calunga,
O Mão-molenga,
Os Diabretes e os Bufões...

Olé! Olá! A fantasia está
na rua!
Essa rua que serpeia com os dragões
dos átrios de Beijing, aos antros da Bonfim.
Aqui dançam-se troças, farsantes e gracejos.
E o que vejo?
Ladeiras, suor e beijos
e a obscenidade boa e livre dos cortejos.

É a fantasia, essa que passa
em blocos (de palavras),
os tropos sobre antropos.
É a fantasia, aquela que faz graça, faz metáforas
e banha os corpos de alegria
(apesar dessa dor nossa de cada dia)

Essa alegria fescenina,
é a fantasia,
ridícula,
delírica,
de riso, gozo, festa e pirueta
de treta, de mutreta.
É a fantasia,
ao som contagiante das retretas.

Quem vai buscar sentido ao pueril?





Eurico
07/01/2013


Fonte da imagem:
AbARCA

6 comentários:

Unknown disse...

alguns tomam ópio, como é mesmo este poema de Bandeira, eu bebo versos e me deixo embriagar,



abraço

ebbrito disse...

BONITO; muito bonito!!!!

ebbrito disse...

Bonito, bonito mesmo.

ebbrito disse...

DE NOVO!!!!!

lula eurico disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lula eurico disse...

"Uns tomam éter,
outros cocaína.
Eu já tomei tristeza,
hoje tomo alegria."

Creio ser este o poema de Bandeira ao qual alude, Assis.

Abç cordial