Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Ensaio com Naná Vasconcelos e algumas reflexões pueris...


















Ontem, crianças riam sobre o tablado armado no meio da rua humilde. Imitavam, com pequenos pedaços de pau, as baquetas do grande percussionista que ali se apresentara. Eu vi os olhos das crianças do maracatu, brilhando de felicidade.

Por falar em crianças com alegria e paz... não pude deixar de lembrar, mesmo em meio à festa de ontem,
dos olhos desesperados da menina vietnamita,
das milhares de pequeninas rosas mortas em Hiroshima...
dos pequeninos judeus dizimados nos campos de concentração nazistas.
Essas não tiveram a chance de brincar...

Por essas que morreram no passado é que lamento a insanidade em Gaza.

Não se perseguem terroristas, atirando em civis indefesos, ó Deus! O mesmo nacionalismo racista do hitlerismo, esconde-se nas desculpas esfarrapadas de Tel-aviv. Mata-se por matar, na Faixa de Gaza. Crueldade não tem pátria, nem cor, nem raça!

Até quando o Estado de Israel ignorará os mandamentos da lei mosaica?
Como direi que amo a Deus, se abomino o meu próprio irmão?
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13 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

É amigo,

já estava com saudades de ti, da tua escrita, de teus exemplos... mas sobretudo de tua lucidez.
Enquanto crianças carentes estão sendo assistidas com simplicidade por um percussionista de renome mas humano,
crianças que deveriam estar brincando, estão morrendo em Gaza.

É que não desejo tal coisa ao naná de quem gosto muito.
E certamente o perderíamos. Mas quem sabe pudéssemos exportar as idéias de Naná para a faixa de gaza.
Talvez houvesse paz por lá!


Abraçamigo-infante.

lula eurico disse...

Oi, Mai,
não estou conseguindo sair da vibração de Gaza. Isso me consome. Essa a razão de não sentar aqui pra escrever. Só faço ler, entende. Espero que os próximos dias sejam de trégua bilateral. O simbólico fechamento de Guantánamo por Obama, vai ser de suma importância. Pequenas ações que apontem na direção dos direitos humanos, vindas dos EUA, deverão repercutir na cabeça dura dos dirigentes da nação israelita.

Ester disse...

Concordo com suas palavras sobre as crianças, não há como ignorar toda a dor e a infância roubada,

mas quanto a guerra, não entendi bem, quando falas de Israel, e não entenda a minha colocação como defesa, apenas procuro entender,

a guerra não é um só lado,
os dois lados são cruéis e lutam
inescrupulosamente por motivos
políticos, há civis indefesos dos
dois lados da faixa de Gaza,
há mortes dos dois lados,

nada justifica essa estúpida
guerra,

Paula Barros disse...

Oi, Eurico
Em falta contigo, não deu para ir. Ia ligar e tb não liguei.

Entendo você, e imagino que você vai lembrar ainda em muitos momentos.

abraços

Jacinta Dantas disse...

Ei Eurico,
com a música de fundo, vou experimentando cada palavra e me sentindo em cada vida, em cada criança... criança que ri e se encanta com a vida... criança que sem saber da vida são soterradas pela crueldade de seres que se colocam acima da vida.
Um amigo capixaba escreveu, em seu blog, um grito pro Gaza. Gostei muito do olhar poético que tem como título: o absurdo em Gaza. Se vc quiser conferir, dê um pulinho lá. O endereço é jeliasneto.blogspot.com/
Bjos

lula eurico disse...

Esther, a paz tem de ser bilateral. Mas a mesma poderosa força bélica que exterminou em Hiroshima e Nagasaki, está por trás de um dos lados. Dessa vez não há crianças mortas em um dos lados. E a descomunal potência de ataque está só num dos lados. Quem não permite ajuda humanitária é só um dos lados. Esse lado não está precisando de víveres, nem de remédios. Esse lado está protegido pelo poder e pelo interesse que matou no Vietnam e no Iraque, à revelia da ONU. A guerra é ruim para os dois lados. Mas o genocídio dessa vez não é de crianças judias. Dói menos isso?

lula eurico disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lula eurico disse...

Jacinta,
conferi o grito por Gaza e gritei junto. Quanto ao AO, não deu tempo. E acho que não estou com cabeça...estou muito noturno, muito sonata em movimento lento, e pouco allegro. Desculpa. Estou mais pro Mozart do Tuba Mirum, do que o da Sinfonia nº 40. Abraçamigo e fraterno.

Zeca disse...

Eurico,

entendo seus sentimentos, seus brados de alerta, sua indignação. Também não vejo lógica alguma em tantas mortes, tanta violência, tanto ódio. Sei que ambos os lados reclamam a terra pois, ambos os povos alí habitaram por mais de mil anos. Primeiro os judeus, depois os palestinos. Agora se pegam, como crianças disputando um brinquedo sem incômodo se outros sofrem os efeitos de suas disputas. E o lado mais forte, mais rico, apoiado por potências poderosas "é o dono da bola" e se dá o direito de matar, dizimar, arrasar... triste, muito triste tudo isso!

Abraço.

Canto da Boca disse...

Shalom, Shalom Aleichem!
Caro Vizinho (sim, com Vê maiúsculo), li e reli teu texto, e essa imagem tão universal da falta de liberdade, significa sim as dores e violências das vítimas da intransigência, da intolerância e da prepotência.
Confesso que ando cansada da incoerência do mundo, desde a mais simnples às mais inadmissíveis. Confesso ainda, aqui em teu espaço, também meu genuflexório, que às vezes olho e acho a humanidade, um desgosto profundo. Mas é passageiro, porque na última fibra do meu ser, vibra a esperança das mudanças; na última fibra, acalanta um sonho-criança de uma paz possível entre todas as gentes de todas as cores, amores, crenças, línguas. Porque acredito na nossa capacidade de mudança e de restauração.
É absurdo, pode parecer, mas eu acredito!

Quanto ao carnaval, nos últimos 20 anos da minha vida, esse será o terceiro fora da minha Olinda. Semana passada, deu-me um banzo terrível, passei o tempo inteiro ouvindo Lenine, Alceu Valença (com as cançoes tradicionais do carnaval pernambucano, não me contive, qdo escutei, Voltei Recife), Chico Ciência, Capiba, Nelson Ferreira, com a sua belíssima, Evocação nº 1:
Felinto, pedro salgado, guilherme, fenelon
Cadê teus blocos famosos
Bloco das flores, andaluzas, pirilampos, apôs-fum
Dos carnavais saudosos

Na alta madrugada
O coro entoava

Do bloco a marcha-regresso
E era o sucesso dos tempos ideais
Do velho raul moraes
Adeus adeus minha gente
Que já cantamos bastante
E recife adormecia
Ficava a sonhar
Ao som da triste melodia ...

Ou ainda, Madeira que Cupim não Rói...
E,Antonio Maria, cantando:
Ô ô ô saudade
Saudade tão grande
Saudade que eu sinto
Do Clube das Pás, do Vassouras
Passistas traçando tesouras
Nas ruas repletas de lá
Batidas de bombos
São maracatus retardados
Chegando à cidade, cansados,
Com seus estandartes no ar.
Que adianta se o Recife está longe
E a saudade é tão grande
Que eu até me embaraço
Parece que eu vejo
Valfrido Cebola no passo
Haroldo Fatias, Colaço
Recife está perto de mim.


É isso, meu amigo, o Recife e Olinda estão dentro de mim, onde quer que eu vá...

Curta esse nosso carnval sem igual, ano que vem, quem sabe?

Mas em março vou dar um pulo rápido aí, combinamos com a Cecí e vamos tomar uma geladinha ali na beira-mar, ou na Sé.

lula eurico disse...

Boca, amiga linda, brincarei um pouco por vc. rsrsrs E, em março, com Cecília e tudo mais...na Sé, na Ribeira. Estamos nessa!!!

Abraão Vitoriano disse...

aqui se faz...!

Jorge Elias Neto disse...

Eurico,

Agradeço sua visita em meu Blog.
Vou ler, com traquilidade, seus escritos.
Um abraço,

Jorge Elias Neto