Súbito, um abraço
no Vazio
e a sensação
de que a Vida,
me escapa sempre,
e não faz nenhum sentido.
Apesar da taxonomia de Lineu,
dos exercícios (meta)físicos matinais,
com Alice no jardim;
e das dietas fáceis da auto-ajuda,
a Vida sempre escapa,
às margens desse rio.
Abraçar-se ao inesperado bambuzal
e adentrar em Pã.
Em pânico,
sem pai, nem mãe.
Sem o aconchego de um lugar conceitual.
Sem as respostas prontas para as perguntas
nossas de cada dia.
Abraçar-se, enfim, ao bambuzal
despido das noções
daquele mundo exato (e antinatural).
Quer vir comigo?
pergunta o Medo Imenso.
Agora, as mãos geladas.
As patas, trêmulas.
Mais animal que racional.
Vertigem em poço fundo.
Mas..., resta-me um flautim
:
Aos poucos, ir soprando
o ar, nos dutos d'alma de bambu.
Sentir a náusea ir se tornando
em ária. Arfante, o peito nu.
Ouvir, do bambuzal, sua voz de flauta,
fêmea, dulce, sensual.
E haurir, serenamente,
o Eros
dessa reconfortante vida trivial .
.........................
Eurico,
Eurico,
em autoterapia de ar puro, contra a anóxia desses dias.
Img flautista
http://aflautadepa.blogspot.com/
4 comentários:
Tuas postagens, Eurico, têm vida!
Elas falam por si, por mi, por dó, por lá e por sol! ...muito sol.
Poema sofisticado, camarada Eurico. Seja no universo dos seres mitológicos ou no mundo dos homens, o medo e a exigência respostas nos desafiam. Menos mal que há sempre o som de uma flauta fêmea e doce para serenar as aflições do poeta.
***
No mais, paz na terra aos homens de boa vontade.
Um abraço.
Eurico amigo
Uma vertigem sem fim: essa a impressão que me causaram seus encantadores versos.
Pude ouvir o farfalhar do bambuzal onde me abrigo, sempre que a alma pede paz...
Abraço.
SENSACIONAL, Eurico!
Sempre gostei de flautas E essa, é especial. Digamos uma flauta "EU"
"flauta eurótica no meio do bambuzal, que aos poucos solta o ar, mas já arfante.
Uma beleza.
Onde se pode fazer uma autoterapia de ar puro contra a anóxia dos dias?
É bastante recomendável nesse final dos tempos.
Parabéns, mestre!
Beijos
Mirze
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