Paira a Duda, assim, pingente,
sobre os raios de um biciclo,
mirando-me, ambiguamente,
nos olhos, de modo oblíquo.
***
Duda, niña semiótica,
transita por entre os signos.
Levita, longe da lógica;
leva o abstrato consigo.
***
Dona de mim, traça órbitas
com o dúbio ciclo, nonsense.
Lança-me os dados da sorte,
gira no globo da morte,
faz piruetas circenses
***
Duda, voz dissimulada,
questiona-me, inocente.
Vacilante, Duda indaga,
num sussurro reticente
:
há um mistério nas coisas
porque em mim habita o mistério
ou
há um mistério em mim
porque o mistério habita as coisas?
***
Olho os céus,
fico silente,
minha mirada se turva,
mergulho no inconsciente
e me abraço à imensa Duda...
***
Dedico este poema ao artista Michael Cheval.
A imagem que inspirou a conclusão do poema é:
Down to Earth
20”x20”
oil on canvas
http://chevalfineart.com/gallery/sense/b/19/
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No esboço desse poema, guardado desde
22/12/1997, havia também um dedicatória
ao místico italiano Pietro Ubaldi.
4 comentários:
muito bom mesmo!
Porra, que bonito, camarada Eurico.
Um abraço, aguardando tua inscrição em versos de corpo e alma.
Eurico!
Belíssimo poema: "DUDA"!
alcançaste o merecido lugar como grande poeta que és.
Beijos
Mirze
Nossa, menino, você conseguiu beleza e ternura, dissolvidas nas águas de uma inteligência amorosa: parabéns. EU ACHEI UM ESPETÁCULO DE LINDO!
Bjos,
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