a Dziga Vertov
Pra beber água?
Imita o gado.
É coisa simples:
Basta colar a boca na beira do barreiro
E sorver de vez o líquido quente, assim;
Com os dentes prender
os grãos de areia e
deixar descer pela goela a água tépida
a decantar-se em argila na traquéia.
Se como ratos?
Lagartixas?
Gafanhotos, feito São João Batista?
Por esse sol que me alumia, já comi, sim,
faz tempo...
e, sem ser profeta..
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E essa máquina que filma minha neta,
Assim franzina
(sai, menina!)
brincando nessa terra ressecada,
(sai, Dolores!)
zanzando ainda, comigo pelo mundo, Deus é pai!
Grave um recado pros homens que governam essa terra...
Ah, nojentos!
Insetos no solado da alpercata!
Diga a eles que de fome se morre,
Mas que de fome se mata!
Que as gentes não têm sangue de barata!
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O Eu-lírico mergulha no semi-árido.
(fugindo da zona de conforto;
em que se discutem as aberrações apocalípticas de certo pastor)
Fonte da imagem:
Fatos e Fotos da Caatinga
2 comentários:
Entrar na zona do semi-árido, é realmente sair da zona de conforto.
E o Eu-lírico vai trazer a dor, a fome, o descaso, a coragem dos que lá vivem, com o olhar de quem ver a verdade e escreve com poesia.
abraço
por ser tão árido
a palavra arde
na saliência da saliva
abraço
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