O tempo passa e atravessa as avenidas
E o fruto cresce, pesa e enverga o velho pé
E o vento forte quebra as telhas e vidraças
E o livro sábio deixa em branco o que não é
Pode não ser essa mulher o que te falta
Pode não ser esse calor o que faz mal
Pode não ser essa gravata o que sufoca
Ou essa falta de dinheiro o que é fatal
Vê como um fogo brando funde um ferro duro
Vê como o asfalto é teu jardim se você crê
Que há um sol nascente avermelhando o céu escuro
Chamando os homens pro seu tempo de viver
E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem sonho ao que não soube amar sem dor
E que o passado abra os presentes pro futuro
Que não dormiu e preparou o amanhecer...
Tinha eu 16 anos, quando ouvi essa canção pela primeira vez.
Estávamos em plena ditadura. Taiguara, sem perder a ternura,
já me ensinava que o lirismo pode ser contestador. Ouçam:
Crianças de Gaza olham por buracos em muro. |
O tempo passa e atravessa as avenidas
E o fruto cresce, pesa e enverga o velho pé
E o vento forte quebra as telhas e vidraças
E o livro sábio deixa em branco o que não é
Pode não ser essa mulher o que te falta
Pode não ser esse calor o que faz mal
Pode não ser essa gravata o que sufoca
Ou essa falta de dinheiro o que é fatal
Vê como um fogo brando funde um ferro duro
Vê como o asfalto é teu jardim se você crê
Que há um sol nascente avermelhando o céu escuro
Chamando os homens pro seu tempo de viver
E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem sonho ao que não soube amar sem dor
E que o passado abra os presentes pro futuro
Que não dormiu e preparou o amanhecer...
Tinha eu 16 anos, quando ouvi essa canção pela primeira vez.
Estávamos em plena ditadura. Taiguara, sem perder a ternura,
já me ensinava que o lirismo pode ser contestador. Ouçam:
Taiguara ao piano - 1973 |
6 comentários:
AI, Lírico!
Que saudade do Taiguara" Lembro que quando ouvi foi que percebi que o futuro não dorme, claro. Eu ainda menina fiquei horas pensando nisso.
E ainda fico!
Ufa! Chega a parar o coração!
Beijos, Eurico!
Mirze
Grande lembrança. Taiguara sofreu uma censura implacável da ditadura. Taiguara sempre um canto de liberdade.
abraço
Taiguara também foi parte de minha adolescência, Eurico, de certa forma tentei beber o brilho dele até entender ...e seguirei tentando. Eu te agradeço porque hoje, além de rever e reouvir Que as crianças cantem livres, tu me fizeste rever a letra da Aquarela de um país na lua. Feliz dia da criança pra ti!
Essa rosa branca
É de todas as cores
É um portão aberto
É uma criança livre
É uma semibreve
É Brasília nua
É um cristal de luz
É um país...
Essa rosa branca
É de todas as cores
É um punhal de neve
É um canhão de vidro
É um colchão de nuvem
Numa cela acesa
É meu pé na terra
É meu pão na mesa
Na mesa, na mesa...
Olá Eurico! Você me transportou ao passado, à minha casa cheia de primos (da minha mãe) moços, envolvidos com a política, sentidos pela morte de um deles (lá, naqueles porões malditos), família na varanda, moços cheirando meus cabelos cheios de cachos, avô, avó e muitas esperanças... Me emocionei... Amanhecer... é preciso! BJ
Eurico: quem é esse homem, Deus meu?
Quem é esse Eurico? Você há mesmo ou deliro?
Que bela prosa, Eurico!! Que seu desejo seja uma ordem: Que as crianças cantem livres e nos ensinem a sonhar!
O player não funcionou para mim, mas imagino qual música escolheu. Se gosta de Taiguara, depois procura pelo CD tributo que o DJ Zé Pedro dedicou à ele "A Voz da Mulher na Obra de Taiguara", com várias cantoras da época em que Taiguara era mais conhecido. Beijus,
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