Uma Epígrafe
"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]
segunda-feira, setembro 18, 2006
Uma rosa rasa
Naqueles dias lia Foucault, As Palavras e as Coisas,
e, depois de animado debate com Lana Reis,
estagiária do Memorial da Justiça,
sobre a estética modernista com "a dura poesia
concreta de suas esquinas" em contraponto com
certo exagero neo-barroco e outras questões interessantes,
a danadinha desafiou-me a fazer um poema sobre a porta
da nossa sala de trabalho.
Fiz.
Creio que dá pra publicar aqui:
Uma Rosa rasa
À porta, o simples:
ergue-se o ser plano e angular,
mera tábula.
À porta, o singular:
planta de folha única,
monolito em eucatex, uma rosa rasa.
À porta, a estética:
fruta de sua função.
bela sem ter a necessidade de pétala.
À porta, aportam
a forma e o fundo:
silogismo binário, o geométrico e profundo
ser que abre e fecha
a prosa do mundo
Eurico
14/06/2001
Poema dedicado a Lana Helane Reis Raposo,
uma das pessoas mais brilhantes que já conheci,
e de quem recebi lições profundas e belas
que guardo com o carinho e o cuidado de um eterno aprendiz.
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Um comentário:
"ser que abre e fecha a prosa do mundo" - Adorei isso, passei por algumas hoje, (re)entregando o olhar. Atenção especial pra tua dedicatória - própria de quem tu parece ser - muito bom ter te conhecido, Eurico.
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