
Como opor ao pano de fundo da opaca eternidade,
A brevidade translúcida
Da vida?
E o que irá acontecer no próximo instante
Da minha,
Da tua,
Da nossa existência?
Isso importa mesmo saber?
Aconselho-te a soltar girândolas.
E a sapatear pela rua.
Deixar que o ritmo desse improviso,
Mais do que o das sístoles e diástoles,
Seja, em ti, um ondular dionisíaco e profundo.
Entre um passo e outro dessa dança cordial,
Habita, intraduzível, a vida.
Ela gira
E salta
E canta em ti.
És a agitação pulsante do divino sobre as águas.
És o fôlego no barro dessas moléculas.
És o fogo!
Só tu o podes sentir.
És essa sensação do apodítico.
Essa certeza túpida da tua própria respiração.
Essa vertigem de Ser.
Então, canta,
No âmbito estremecido desse instante!
Canta
E esquece a eternidade.
Canta e dança
E aquece-te à fogueira fugaz dessa presença:
A tua presença.
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Nota do blogueiro:
Há um ano atrás dancei o coco-de-roda ao redor dessa fogueira.
Muita coisa aconteceu até o dia de hoje. Lições do E/terno: saúde e doença, alegria e tristeza.
A reedição deste poema é para celebrar os bons e maus momentos que a Vida me concede a cada dia!
E pra dizer a todos que voltei a dançar o coco, pelas ruas do bairro, lírico e aconchegante, da Várzea do Capibaribe!
Viva São João Batista!
Viva Deus que pequeno sou eu!!!
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