CANTEIRO DE OBRAS:

quinta-feira, dezembro 23, 2010

D'US NA CAATINGA (invernada e conação)






















“Tudo o que existe, existe em Deus, e sem Deus nada pode existir.”
(Proposição XV, da Ética de Spinoza,)




Faz três noites que relampeia...
Ribombam trovões na caatinga.


Estou sem mim.
Vaga pela noite o que eu julgava ser.
Olhos nômades, intumescidos de esperança.
Clarões no horizonte.
A noite rasgada por luzes.
Fluxos coruscantes.


Apalpo-me.
Não tenho em que me tocar.
Sou relâmpagos.
Fui.
Sou ainda.
Isso persevera em mim e em mim se ama.
Sou esse arbusto em chamas.


Quando desabar a chuvarada,
jatos de fogo e água, de ar e terra,
Serei manhã.
Serei saúde.
Serei a vontade de ser que já sou.
Encharcado de D'us, que nem Baruch...







Fonte da imagem:
Raios no sertão

8 comentários:

  1. tem um poema em que eu falo da alma encantada de trovoadas, o teu poema é filho desse encantamento ateu, Deus paira em gotas e mistérios


    abraço

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  2. encantamento e trovoadas, epifanias, mas não descrença em Deus, é uma maneira de saber Deus, a maneira espinosana, irmão Assis...

    Abraço cordial.

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  3. Que os relâmpagos iluminem o ser. Que os trovões afastem as nuvens negras. E um novo raiar de dia e de ano venha com a força dos ventos bons.

    Felicidades e força e saúde e paz e amor.....para vocês.

    beijos e abraços.

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  4. Eurico Querido um Natal repleto de amor, amizade, esperança, e que em 2011 sigamos cruzando os versos a caminho de mais luz sempre.

    Um beijo amigo e obrigada por existires em minha vida e seguimos!!!

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  5. F E L I Z

    N A T A L

    Muita paz, harmonia e felicidade urgente para todos as amigas e amigos de todas as horas. Que Jesus seja o nosso exemplo e o nosso guia em todos os momentos de nossas vidas.


    FORTE ABRAÇO


    C@UROSA

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  6. Bonita e forte imagem criada pelo poema, camarada Eurico. Encontrar Deus no sertão - arrepiante.
    Lembrei do cabloco Joelmir, personagem de Bar D. Juan, um livro antigo de Antonio Callado, que buscava a comunhão com Deus nas noites solitárias do sertão.
    Paz e tranquilidade hoje e sempre.
    Um abraço.

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  7. Caro Eurico, quando falo de "encantamento ateu" me refiro as deidades da natureza, o paganismo dos sentidos que faz aflorar deuses e Deus. Quando cantamos essas forças misteriosas, julgo eu, ressuscitamos nossos primórdios pagãos, desvestidos, nus diante de tanto desconhecimento à espera das revelações,


    forte abraço

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  8. Irmão Assis,
    as palavras, ah, as palavras...
    Tinhas em mente uma leitura profunda e intensa, uma perfeita leitura do que eu tentava dizer...
    Isso mesmo.
    Uma forma de "aflorar deuses e Deus"... uma exatidão líquida em tua leitura.

    Grato.
    E um abraço fraterno.

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Grato pelo comentário. Receba o meu abraço fraterno e volte sempre!