CANTEIRO DE OBRAS:

quinta-feira, dezembro 11, 2008

A solidão e sua porta




















Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha),

quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida

com tudo o que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.

***

Dedico esse soneto do Carlos Pena Filho
ao meu filhão Maurício
e ao compadre e poeta Diógenes Afonso.



***

Fonte da imagem:
http://www.treklens.com/gallery/South_America/Brazil/Northeast/Alagoas/photo400329.htm


***

15 comentários:

  1. Muito bonita a mensagem contida nesse soneto. As vezes a vida nos desafia, e a única saída, é vivê-la. E sei bem como é isso.

    Gosto sempre de dizer que no fundo do poço tem uma mola que nos impulsiona para ver a luz.

    abraços

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  2. Nossa... Passei para avisar que já 'invadi' o Sítio d'Olinda e me deparo com esta bela mensagem...
    Faço minhas as palavras da Paula!

    Ah, espero que goste da postagem lá no Sítio...

    Beijos

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  3. Nossa, Eurico. Esse mexe comigo, com minhas emoções. A Vida é maior que a dor de viver - e quando se mergulha na escuridão, a escolha é sempre vir à tona, onde se recebe de novo, A LUZ.
    É lindo demais o que você escreve.
    Beijos

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  4. Jaci, o poema é do Carlos Pena Filho, saudoso poeta recifense. Autor de A Mesma Rosa Amarela, canção que fez sucesso na voz de Maísa.

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  5. Gente, vocês me emocionam sinceramente; adoro as passagens por aqui, a poesia correndo solta. Eurico, não importa se de sua autoria ou não, você consegue captar a beleza das palavras. Companheiro poeta, bom ter você por aqui.


    Beijos

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  6. Eurico, acredito que um poeta sabe mais do que ninguém captar a essência da essência lavrada num texto poético. É próprio da irmandade. Naturalmente que o filhão e o compadre estão envaidecidos. Eu estaria. Bom final de semana.Abraços

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  7. ...'entrar no acaso
    e amar o transitório'.

    taí uma receita para
    se viver feliz.

    muahhhh, poeta!

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  8. Eurico,
    fiquei tão envolvida na sua sensibilidade em postar esses versos...
    acabei nem olhando a autoria do poema. Mas, o que importa mesmo é ter um poema tão bonito, que enxerga a alma, escolhido por você. Então, o mérito é seu.
    Beijos

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  9. Olá querido Eurico, maravilhoso Soneto... A mensagem nele contida, tocou o meu coração... Boa Noite,
    Beijinhos de carinho e ternura,
    Fernandinha

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  10. Amigo, o nosso conterrâneo, Lenine, compôs um música que eu amo.
    VIVO

    Precário, provisório, perecível;
    Falível, transitório, transitivo;
    Efêmero, fugaz e passageiro
    Eis aqui um vivo, eis aqui um vivo!

    Impuro, imperfeito, impermanente;
    Incerto, incompleto, inconstante;
    Instável, variável, defectivo
    Eis aqui um vivo, eis aqui...

    E apesar...
    Do tráfico, do tráfego equívoco;
    Do tóxico, do trânsito nocivo;
    Da droga, do indigesto digestivo;
    Do cancer vil, do servo e do servil;
    Da mente o mal doente coletivo;
    Do sangue o mal do soro positivo;
    E apesar dessas e outras...
    O vivo afirma firme afirmativo
    O que mais vale a pena é estar vivo!
    E estar vivo
    VIVO
    E estar vivo

    Sabe, apesar dessas e de outras, amigo Eurico, para mim, o que interessa é estar Viva.

    Carinho, sempre.

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  11. Belo poema, parabéns pela sensibilidade.

    bjos e ótima noite prá vc!

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  12. Entrar no acaso e amar o transitório é bonito demais... mas, também triste. Todavia a vida é este intervalo, como diria Italo Calvino, entre o berço e o túmulo. Afinal, o que tenho é a vida. Agora. Isso é bom.

    Abraço.

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  13. Eurico,
    vim aqui consertar um deslize meu, o de ter demorado tanto a te visitar, mas como nunca é tarde para nada, aqui estou. E então concluo de que me abstive de tanta beleza pousada no teu cantinho. L´no blog, pareces um menino sapeca, e aqui a tua seriedade e sensibilidade aflora com muita intensidade.
    Voltarei!

    Beijinhos

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  14. Eurico,

    parabéns pela escolha do poema, cujos versos nos trazem lindas e líricas imagens, mesmo que, muitas vezes, indesejadas. Afinal, nos resta a vida!

    Grande abraço.

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