CANTEIRO DE OBRAS:

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Pausa para uma introspecção...




















O Homem Velho
(Caetano Veloso)


O homem velho deixa a vida e morte para trás

Cabeça a prumo segue rumo e nunca, nunca mais

O grande espelho que é o mundo ousaria refletir os seus sinais

O homem velho é o rei dos animais

A solidão agora é sólida, uma pedra ao sol

As linhas do destino nas mãos a mão apagou

Ele já tem a alma saturada de poesia, soul e rock'n'roll

As coisas migram e ele serve de farol

A carne, a arte arde, a tarde cai

No abismo das esquinas

A brisa leve traz o olor fugaz

Do sexo das meninas

Luz fria, seus cabelos têm tristeza de neon

Belezas, dores e alegrias passam sem um som

Eu vejo o homem velho rindo numa curva do caminho de Hebron

E ao seu olhar tudo que é cor muda de tom

Os filhos, filmes, livros, ditos como um vendaval

Espalham-no além da ilusão do seu ser pessoal

Mas ele dói e brilha único, indivíduo, maravilha sem igual

Já tem coragem de saber que é imortal








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(depois de ler e ficar horas ruminando

sobre o post Ondas Douradas, no Florescer, de julho/2008,

tive que vir pra cá, pro meu recanto,

lamber minhas próprias feridas e ouvir Caetano...)

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Fonte da imagem:

Poeta Pablo Neruda

http://galizacig.com/imxact/2006/03/pablo_neruda.jpg

Para ouvir Caetano, clique abaixo e depois minimize o wmplayer:

http://www.mp3tube.net/br/musics/Caetano-Veloso-O-Homem-Velho/48043/

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11 comentários:

  1. Oi amigo,

    depois dá uma passada no meu blog, tenho um presentinho para vc, coisa simples mas com carinho..

    bj

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  2. Muito bom vir até aqui.
    De cara, encontro meu poeta maior, numa foto que faz pensar.
    Depois, Caetano, que dispensa comentários.
    E finalmente você.

    Obrigada pela visita, pelas palavras gentis e pela "pausa para uma introspecção".
    Era exatamente isto que eu fazia qdo fiquei uns poucos dias sem postar.

    Esta história de lamber feridas...Tô tirando de letra...

    Bom dia!

    E apareça sempre que quiser.
    Eu garanto que volto aqui...

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  3. Oi, Eurico-amigo.

    Recentemente fiquei dois dias em silêncio.
    E foram mágicos, estes dias.
    Ouvi o que jamais pensara haver.
    Senti, coisas que há muito, o adormecimento do correr dos dias, me roubara, ou eu mesma, como prefiro pensar, roubara de mim.
    Bem, "o homem velho" ama, pensa, e viverá muito e feliz, se decidir que, após as pausas, (e que não demore) há um universo de possibilidades.

    Carinho, sempre.

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  4. Quando se tem a dimensão de que somos seres únicos, numa única existência(até onde compreendemos) e que, somos mortais...aceitamos, também, que caminhamos para o envelhecimento. Talvez, numa visão um tanto romântica, gosto de perceber a pessoa idosa numa uma etapa bonita de vida, em que o Ser prevalece como Ser, sem se despersonalizar. É Vida que segue.
    Beijo poeta

    Obrigado por fazer referência ao florescer nesse post tão bonito. Amei a imagem

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  5. Esther, já fui e trouxe comigo, alegre e vaidoso, o teu selinho!
    Grato.

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  6. Kátia, um leonino sempre se encolhe, felino, para lamber certas cicatrizes...
    Caetano é o maior poeta vivo, da língua portuguesa. Que me perdoem os puristas!
    Bom dia!

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Jacinta, algo naquela postagem, algo que não sei definir, o indizível, talvez, me trouxe um acréscimo de receptividade, o que chamo de lirismo reflexivo. Talvez porque, com maestria, deixaste um vazio enarrativo, uma necessidade de que cada leitor quede em si mesmo com suas próprias reflexões. O Ser. O Tempo. A fugacidade do vivido. Pretéritas memórias... A sombra do sol que se põe...pra nascer em outras terras...

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  10. Mai:
    A pausa é breve. Mas necessária. Já estou fazendo novo post que diz exatamente isso. Amar o transitório...

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  11. Eurico

    Mesmo quando estas a "lamber feridas" nos presenteia com boas reflexões.

    No aguardo de continuar lendo o que você escreve.

    abraços de admiração

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Grato pelo comentário. Receba o meu abraço fraterno e volte sempre!