CANTEIRO DE OBRAS:

sábado, abril 26, 2008

Mel/a/nina

imagem Google

E
s
c
o
r
r
e
o mel
à flor da pele demerara, açúcar preto, mascavo
Mel
Melaço
Melado
Mel novo
Mel de engenho: terra roxa massapê terra de cana
caiena caiana cana de açúcar
moenda garapa tropicana
terra onde mana
mel ( e leite) e a sacarose morena
melíflua voz de veludo melosa
pele de mel demoiselle cubista
lábios de mel língua doce
lamber teu céu linda noite
caldo de cana caiena favos de mel
A tez de fruta mestiça malícia cajus compotas
Sapotis cristalizados
E toda a doçaria colonial
Água na boca
Desliza mel na língua
portuguesa e um gosto de infância
lembrança de um confeito chamado nego bom.
Noite na pele negra rara demerara
A lua açúcar céu amorenado mel
Enamorado
Melado
Doce na boca,
delícia
no tacho
de bronze,
desliza
na cuba
daqui e de Habana:
de niña/mujer;
de sinhá/menina.
de mel, melanina.
Tua noite nos ilumina...
********
Eurico
meados de 2000



8 comentários:

  1. Uma mistura de Literatura e Pintura eu percebi aqui!
    Com que riqueza os jogos de palavras "pintam" o texto"!
    Senti a doçura da culinária colonial. Vi... e senti os eflúvios dos engenhos, cercados pelos canaviais verde-balouçantes, sob um céu tropical, e as senzalas morenas das "demoiselles" que não d´Avignon...mas, são nossa ascendência amarronzada...
    Mas, o melhor, o mais saboroso de tudo é o título: "Mel/a/nina". O título se desmancha em cada linha do poema, entre "mel", "pigmentos" e "moças", las niñas...(da nossa América!).
    Eu achei esse poema um primor! Um louvor! Um talento de lavor!
    Beijos, poeta-pintor!
    Dora

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  2. melanina, o sujeito da cor, do sabor e da garra de quem nasceu pra quebrar os espinhos enquanto desabrocha flor!
    parabéns, poeta! lindo e mais un tanto!
    beijo

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  3. Dora e Loba, vcs me fazem muito bem com essas visitas. Vcs não sabem como sou intro/vertido e como me é difícil "verter pro exterior de mim" essas coisas escritas, esses objetos ideoplásticos. Conviver com vcs aqui me anima e traz muita responsabilidade com o que faço.
    Grato e feliz.
    Sei que são generosas as palavras das minhas amigas...

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  4. lembrei d "cio da terra", o trigo, d chico e milton, alceu valença e sua caiana, lembrei d jorge amado e sua canela e cravo...

    engraçado como estes objetos todos tomam outra forma na produção artística... entram para outro plano d significação: se humanizam.


    bjão daqi do agreste!


    ahh, estarei indo praí mês q vem, pra olinda mesmo!! dias 9 e 10. hahaah

    enfim...
    té!

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  5. Eurico!

    Amei a tua poesia, uma combinação única com a cor. Muito especial, de dar água na boca. Parabéns, meu amigo!

    Maravilhoso te ver lá em casa!

    Abraço e a gente se vê, não é?

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  6. gostei desta melanina
    ..
    senti-me aí
    e nada mais digo
    bjs
    a.
    http://miniminimos.blogspot.com/

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  7. Esta poesia é algo que deveria estar nas capas de revistas. È divina, este mel...há este mel.
    Fiz postagem nova, se tiveres tempo apareça por lá, será muito bem vindo. marthacorreaonline.blogspot.com

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  8. Oh meu Deus!
    que delícia de se ler, mel e voz de veludo. Vejo-me nesse verso, procurando um jeito de deixar minha voz "aveludada", agradável, pois ela, a voz, fala de mim.
    Um abraço
    Jacinta

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