CANTEIRO DE OBRAS:

domingo, abril 03, 2011

DUDA (poemeto neobarroco)





Paira a Duda, assim, pingente,
sobre os raios de um biciclo,
mirando-me, ambiguamente,
nos olhos, de modo oblíquo.

***



Duda, niña semiótica,
transita por entre os signos.
Levita, longe da lógica;
leva o abstrato consigo.

***


Dona de mim, traça órbitas

com o dúbio ciclo, nonsense.
Lança-me os dados da sorte,
gira no globo da morte,
faz piruetas circenses


***


Duda, voz dissimulada,
questiona-me, inocente.
Vacilante, Duda indaga,
num sussurro reticente
:
há um mistério nas coisas
porque em mim habita o mistério
ou
há um mistério em mim
porque o mistério habita as coisas?


***
Olho os céus,
fico silente,
minha mirada se turva,
mergulho no inconsciente
e me abraço à imensa Duda...




***



Dedico este poema ao artista Michael Cheval.
A imagem que inspirou a conclusão do poema é:
Down to Earth
20”x20”
oil on canvas
http://chevalfineart.com/gallery/sense/b/19/


******************************** ~
No esboço desse poema, guardado desde
22/12/1997, havia também um dedicatória
ao místico italiano Pietro Ubaldi.








4 comentários:

  1. Porra, que bonito, camarada Eurico.
    Um abraço, aguardando tua inscrição em versos de corpo e alma.

    ResponderExcluir
  2. Eurico!

    Belíssimo poema: "DUDA"!

    alcançaste o merecido lugar como grande poeta que és.

    Beijos

    Mirze

    ResponderExcluir
  3. Nossa, menino, você conseguiu beleza e ternura, dissolvidas nas águas de uma inteligência amorosa: parabéns. EU ACHEI UM ESPETÁCULO DE LINDO!
    Bjos,

    ResponderExcluir

Grato pelo comentário. Receba o meu abraço fraterno e volte sempre!