CANTEIRO DE OBRAS:

domingo, dezembro 05, 2010

O FATO (ou, esvaziamento do discurso acadêmico)


























Ao Mestre Vasconcellos Sobrinho


O sol é exato, é fato.
A ciência apura: quantas, fótons.
E eu, cá embaixo,
Um fato?

Dado concreto, objeto dissecado.
No entanto, assistemático.
Quem mensura não me explica.
Que morra toda a estatística
E que a ciência estertore
Como fato de cabrita
Pendurada no curtume.

Sob o sol, nesses ardores,
Não calculem minhas dores.

Quero p(r)o(f)etas,
Não, doutores.


O sol deveras é exato, lá no alto.
E eu,
o objeto, o fato,
ressecado no arame.

Rejeito o método.
Rejeito o número.
Rejeito o nome.

Só me consumo.
E o sol me consome.

Eis um homem!



Fonte da imagem:
Estamira - o filme

5 comentários:

  1. Hora gosto do exato, do concreto, do fato, do palpável...hora não me enquadro, fujo do quadro, do esquadro...do certo e do errado...

    beijo

    ResponderExcluir
  2. Você é grande.

    Lembrei de um poema do Drummond ao ler este aqui.

    ResponderExcluir
  3. Paula,
    somos isso ou aquilo, fótons ou ondas?

    Abç fraterno.

    ResponderExcluir
  4. Marcio,
    vc é generoso demais.
    O Drummond é o Pelé da poesia, e eu nunca aprendi direito a chutar a pelota...rsrsrs

    Fico grato pela tua generosidade.
    Grande mesmo é o teu coração de amigo.

    ResponderExcluir
  5. Eis a espécie humana, eis um homem-feito.

    ResponderExcluir

Grato pelo comentário. Receba o meu abraço fraterno e volte sempre!