CANTEIRO DE OBRAS:

segunda-feira, maio 18, 2009

Momento - Augusto Frederico Schmidt




















(imagem do google)


Desejo de não ser nem herói e nem poeta
Desejo de não ser senão feliz e calmo.
Desejo das volúpias castas e sem sombra
Dos fins de jantar nas casas burguesas.

Desejo manso das moringas de água fresca
Das flores eternas nos vasos verdes.
Desejo dos filhos crescendo vivos e surpreendentes
Desejo de vestidos de linho azul da esposa amada.

Oh! não as tentaculares investidas para o alto
E o tédio das cidades sacrificadas.
Desejo de integração no cotidiano.

Desejo de passar em silêncio, sem brilho
E desaparecer em Deus – com pouco sofrimento
E com a ternura dos que a vida não maltratou.


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"Há dias que não sei o que se passa, eu abro o meu Neruda e apago o sol", dizia Vinícius... os mais engajados vão dizer que isso é resignação, autocomiseração, mas, hoje, entendo bem o que sentia o Poetinha, nesses momentos. Senti, por esses dias, algo assim como descreve o Augusto Frederico Schmidt.

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SCHMIDT, Augusto Frederico. Antologia Poética. Seleção de Waldir Ribeiro do Vale. Introdução de Bernardo Gersen. Rio de Janeiro: Leitura, 1962.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt

Fonte do texto:
http://jamesemanuel.blogspot.com/2008/01/augusto-frederico-schimidt-3.html

Fonte da midi voice:
Charles50tao.com.br






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8 comentários:

  1. É isso, Eurico. Por vezes, compartilho desse momento Augustiniano de ser. E ver flores sorrindo, e, sorrir com a água, e, ver Deus face a face, e, só economizar no sofrimento.
    Beijo

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  2. QUERIDO EURICO, MARAVILHOSO SONETO AMIGO... ABRAÇOS DE CARINHO E TERNURA,
    FERNANDINHA

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  3. "Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
    Quero apenas contar-te a minha ternura"

    Boa semana procê!
    Carinhoso abraço.

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  4. Um desses dias em que ficamos "camisolentos" pela casa, escutando o silêncio, e transparentes como um papel manteiga, esperando o momento de nos fazermos um belo desenho outra vez....

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  5. Eurico,
    Depois que escrevi fiquei na dúvida se coloquei o nome do autor, Manuel Bandeira, caso tenha colocado desconsidere essa postagem.
    Obrigada.
    Abraços.

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  6. Entendo você, o Augusto Frederico, e tantos outros.

    As vezes só queremos que o ar entre e sai do pulmões sem sentí-lo pesar nas costelas, sem oprimir a alma.

    abraços com carinho e fica bem.

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  7. Cotejar desejos é exercício de primeira mão quando voltadas ao Criador. AbraçAmigo

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  8. Às vezes os desejos são mesmo estes! Que bom que temos desejos, né? Eu por mim gostaria é de saber coloca-los num poema qualquer. Nem precisaria ser soneto, viu? rs...
    Beijo, poeta!

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