CANTEIRO DE OBRAS:

segunda-feira, setembro 18, 2006

Uma rosa rasa



Naqueles dias lia Foucault, As Palavras e as Coisas,
e, depois de animado debate com Lana Reis,
estagiária do Memorial da Justiça,
sobre a estética modernista com "a dura poesia
concreta de suas esquinas" em contraponto com
certo exagero neo-barroco e outras questões interessantes,
a danadinha desafiou-me a fazer um poema sobre a porta
da nossa sala de trabalho.
Fiz.
Creio que dá pra publicar aqui:

Uma Rosa rasa


À porta, o simples:
ergue-se o ser plano e angular,
mera tábula.

À porta, o singular:
planta de folha única,
monolito em eucatex, uma rosa rasa.

À porta, a estética:
fruta de sua função.
bela sem ter a necessidade de pétala.

À porta, aportam
a forma e o fundo:
silogismo binário, o geométrico e profundo
ser que abre e fecha
a prosa do mundo

Eurico
14/06/2001

Poema dedicado a Lana Helane Reis Raposo,
uma das pessoas mais brilhantes que já conheci,
e de quem recebi lições profundas e belas
que guardo com o carinho e o cuidado de um eterno aprendiz.

Um comentário:

  1. "ser que abre e fecha a prosa do mundo" - Adorei isso, passei por algumas hoje, (re)entregando o olhar. Atenção especial pra tua dedicatória - própria de quem tu parece ser - muito bom ter te conhecido, Eurico.

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