CANTEIRO DE OBRAS:

terça-feira, outubro 02, 2012

ÁPTERO (ave tardia)

APTERIX - ave imaginária - E. B. Brito

 
 
E eu, aqui, in/significante,
fresta do acaso, entre voláteis vazadouros,
agarro-me ao nexo do estar.

Se é alado o céu e a ventania vai aonde quer,
por que pousar?

Tudo o que é vida passa, tudo é lábil
e a flor bela é frágil e breve.
Viver é instante e espanto,
imprevisível notação de uma ária dodecafônica.
Chuva fugaz, lugar nenhum.
Todas as instâncias se acotovelam em janelas irreais:

Há lócus de mim, não eu.
Não sou,

mas evidências instáveis resistem sem mim.
Creio no solo sob os pés.
Ando movediço...
Ave tardia.
Áptera.
E só.



Eurico
(poema sem data, sem hora, sem lugar...)

Fonte da imagem:
AbARCA

 


2 comentários:

  1. Puxa vida cara, ficou lindo.
    Veja só o que nos "abarca"

    ResponderExcluir
  2. Gostei muito deste blog, com uma roupagem e difusão cultural.
    wwwsabereducar.blogspot.com

    ResponderExcluir

Grato pelo comentário. Receba o meu abraço fraterno e volte sempre!