CANTEIRO DE OBRAS:

sexta-feira, agosto 12, 2011

BÓSTRIX N'ÁGUA ( capítulo VIII)





















ILHA-SEM-DEUS



Aquecer a frágil’alma

Ao calor desses destroços
Esses retraços que ardem
Em um ser baldio e sem crença


Esfregar mãos engelhadas
Ao fogo desse monturo
Prender a morte num engulho
Sem desistir da existência


Buscar sentido no caos
E fé na lenta agonia:
Esses barracos imundos.
Essas entranhas vazias.


Trapos, lama, palafitas
Sem Deus na ilha esquecida
E a vida?


A vida é também retraço
No pó das desconstruções.
Essa inútil empreitada.
Um traço desesperado
Que nós riscamos no Nada...






Jorge Dantas 
poema publicado no capítulo VIII, do Bóstrix.




Nota do zineblogueiro:

Estarei por uns dias às voltas com meu Bóstrix n'água,
e convido os leitores para uma visita às obras de montagem,
ora retomadas, a todo vapor, mormente com a ajuda
dos engenhosos William Burroughs (nos cut-ups)
e  Alfred Döblin ( na técnica de montagem),
sem esquecer do meu mestre-de-obras, Julio Cortázar, a quem agradeço
pela idéia de urdir um guia dos nexos, se nexo há no que fabrico. rsrsrs

5 comentários:

  1. E isso é o trabalho de viver, uma construção diária para nos livrar do caos certeiro.

    Um beijo meu amigo, bom final de semana.

    Carmen.

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  2. EURICO!

    Lindo poema! Volto depois para ler tudo tudo tudo.

    Beijos

    Mirze

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  3. Eurico!

    Nada mais belo tinha lido jamais eu.

    Voltarei depois para ler tudo tudo tudo tudo.

    Beijos

    Mirze

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  4. Quem dera fossem versos d'uma realidade ausente - uma metáfora - aquela que salva em ilha-sem-deus.
    Poema de Eurico, um ânimo que mata a animosidade.

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