CANTEIRO DE OBRAS:

sábado, julho 23, 2011

TERCEIRO OLHO ( ainda, Os Sentidos: o Sentido)



Hubble
imagem recolhida do Google


Ver não é apenas compilar
pontos desconexos, pixels,
varreduras de imagens por segundo.
Ninguém vê apenas com os olhos.
Esses mesmos olhos com que se está
à mesa da cozinha a cortar cebolas
e a chorar lágrimas sem nexo.
Ver vai além do apenas ver.
Interpreta-se assim que se olha,
se é cebola ou emoção,
o que arde nos olhos.
E o conceito já vem atado à coisa que se vê.
Por isso, acautelai-vos com o visual.

(Bom seria fechar os olhos por minutos
ou passar os dias longe dos televisores.
Há muito o que se ver na própria tela mental.)

Imaginem:
A Poesia é um imenso nascedouro de imagens.
Hubble às avessas.
Ôlho pra dentro.
Muito dentro,
em regiões abissais.


Dentro de mim,
o riso distraído e indene
de uma criança revolvendo a Terra.
A bola colorida e um pátio: o espaço.
Um poço com roldana.
Um olho que me olha no centro imemorial da noite.
A hera.
As eras.
Estrelas, lumes, vagalumes.
Lá no centro de mim,
sou um buraco negro e aquático,
galáxia aprazível.
Esse colo estelar, ubérrimo,
irresistível.

(Voluteio, centrípeto,
pra dentro de Deus?)

Eis que a Poesia alberga esse invisível
fulcro numinoso

:

Mãe!
Sou eu, filho...




Imagem Google aqui

Renasçam, entre o sagrado e o profano, ouvindo Debussy:
(a melodia é longa, mas é tão bela, que merece ser ouvida até a última nota)



Eurico
Reedição de poema para a Série:
Os sentidos (O Sentido)



8 comentários:

  1. sem palavras
    sou emoçao.

    obrigada "dinovuuuu"

    abraço

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  2. Margoh, amiga,
    não por isso...

    Eu também me emociono com Debussy :)

    Abraço fra/terno

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  3. Que teu olhar siga nos debruçando os dias a mais poesia sempre.

    Beijos, querido Eurico e desejo de bom final de semana.

    Carmen.

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  4. Parabéns poeta Eurico, é muito bom chegar aqui e deparar com este belo poema que nos faz refletir sobre o olhar do ponto de vista sentimental.

    Muitas vezes vemos melhor quando não enxergamos com os olhos, mas sim, enxergamos com o coração.

    abraço

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  5. Eurico!

    Meus olhos viam e eu não acreditava.

    Sim, você é um gênio em tudo. Claro que é lá dentro, no êxtase do nada, que mais nos enxergamos. às vezes dói, e nessa hora o grito MÃE é divino!

    Parabéns!

    Bravíssimo!


    Beijos

    Mirze

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  6. A esperança e a alegria de viver esta
    nos atos de amor que praticamos.
    Quero viajar todos os dias semeando
    a paz no coração dos amigos (as)ser
    apreciada por minha presença.
    Quero jogar flores por onde
    eu passar.
    E em silêncio deixar a palavra
    mais bonita.
    (Creia em Deus porque viver é fantástico.)
    Um beijo na alma e no coração com carinho,,Evanir,

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  7. Um olho pra dentro, um poço com roldana, uma bola colorida e um pátio: o espaço - por aqui é assim, respira-se o ranger das portas, num encontro de um riso sem dano a desdobrar sensações, um olhar desassossegado e que desassossega, por aqui é assim, por aqui se está longe de um conceito já atado. Este Concerto pra Harpa e Orquestra do Debussy é a própria dança de um olhar humano - ficou lindo.

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  8. Rejane,

    Sei que o formato é insólito. Às vezes eu mesmo me assusto com as soluções dos meus poemas. O corte brusco do reencontro uterino (rs) me veio durante a viagem interior. Onde mais eu iria encontrar a divindade a não ser na vida. kkk


    Abraço fraterno.

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